Uma longa estrada percorrida e de forma muito respeitosa pela arte, com canções e arranjos imortalizados. O grupo MPB4 segue seu caminho, comemora seu cinquentenário – completado em 2016 – e repassa sua história com um presente ao público: o lançamento do CD e DVD O Sonho, a Vida, a Roda Viva – MPB4 50 Anos Ao Vivo (MPB Discos/Som Livre, entre R$ 23 e R$ 29,90, em média).

Gravado no Rio de Janeiro, o show tem como carro- chefe o disco de estúdio O Sonho, a Vida, a Roda Viva, lançado em maio do ano passado. No palco, o grupo que dá ênfase ao trabalho vocal apresenta nova formação, que conta com Aquiles Reis (voz), Dalmo Medeiros (voz e viola), Miltinho (voz, violão, direção musical) e Paulo Malaguti Pauleira (voz, teclado, direção musical).

Nessa nova empreitada, o MPB4, acompanhado por banda, deixa claro que conseguiu seguir em frente e que a entrada de Pauleira para o grupo, já há alguns anos, teve entrosamento perfeito. O artista assumiu o lugar do amigo de longa data José Waghabi Filho, o Magro, vítima de câncer em 2012. Ele, é claro, ganha emocionante homenagem no espetáculo.

Segundo Miltinho, a decisão de seguir em frente sem o companheiro foi difícil. “Concordamos que, apesar da perda do amigo, companheiro de anos de estrada, diretor musical, arranjador e responsável pelo som do MPB4, tínhamos que prosseguir; principalmente para perpetuar seus arranjos, a marca do grupo”, explica ao Diário.

O resultado é um mergulho na história da música popular brasileira e show com brilho, canções conhecidas e fortes, além de arranjos muito cuidadosos. Estão no repertório temas como Cálice – um dos momentos mais fortes do espetáculo – e Roda Viva, ambas de Chico Buarque e a última arranjada originalmente por Magro. Aparecem ainda Oração do Tempo (Caetano Veloso) e Vira Virou, que tem participação de Kleiton e Kledir. Da nova safra estão temas como Desossado (João Bosco) e A Voz na Distância (Pauleira), entre outras.

Segundo Miltinho, a escolha do repertório sempre é complicada. “Para esse show especialíssimo escolhemos uma pessoa que admiramos muito e que é um profundo conhecedor de nossa música, produtor de discos, diretor e roteirista de shows, e que sabe muito do trabalho do MPB4 desde o início do grupo. Falo de Helton Altman, que escreveu o roteiro e dirigiu o show O Sonho, a Vida, a Roda Viva.”

O artista explica que, por se tratar de um grupo vocal, realizar um registro ao vivo é um trabalho árduo, de muitos meses de ensaios. “Mas quando levamos para o palco esse trabalho junto com nossos sucesso é sempre prazeroso”, diz.

Com temas fortes como Cálice, por exemplo, trata-se de repertório que contém críticas sociais. Miltinho conta que, como a trajetória do grupo vem desde quando eram o Quarteto do CPC, no início da década de 1960, “muita coisa vivenciamos e sempre fomos, com nossa arte, um pouco repórteres de tudo que acontecia no Brasil. Assim, o show tem momentos mais densos, momentos de críticas bem-humoradas, mas sempre com a marca do MPB4”.

Miltinho conta que celebrar 50 anos de estrada é um sentimento muito positivo. “Uma sensação boa de saber que, com nossa arte, fizemos nessa longa carreira um trabalho que muito contribuiu para a música brasileira”, encerra.