Economia Titulo
Comércio antecipa promoções com medo de frio não chegar
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
09/06/2005 | 08:14
Compartilhar notícia


Antes mesmo do início do inverno, que oficialmente começa no próximo dia 21, o comércio do Grande ABC faz promoções com artigos de frio para evitar que o eventual prolongamento do clima quente e seco provoque encalhe de mercadorias. Produtos recém-chegados às vitrines, como cobertores, roupas, aquecedores de ambientes, aparelhos de fondue, entre outros artigos com forte potencial de venda no frio, estão em média 30% mais baratos que no mesmo período do ano passado, segundo lojistas.

Embora o comércio tenha definido estratégias agressivas para driblar o fator climático e vender artigos de frio mesmo com tempo quente, perdas serão inevitáveis em alguns segmentos, de acordo com os comerciantes. Isso porque mesmo que o inverno esfrie de vez a região, a expectativa é que o período gelado seja curto.

“Compramos antecipadamente o mesmo volume de roupas do ano passado com medo de os fornecedores reajustarem os preços por conta do frio. Foi a nossa falha. Agora, tenho que forçar em promoções para não perder”, diz Patrícia Silvestre Domingues, gerente da loja Entre Linha, no Calçadão da Oliveira Lima, em Santo André. “O que estava à venda por R$ 20 está R$ 15, e muitas peças são duas por R$ 25”, acrescenta, ao se referir a blusas de lã.

O diretor da Zêlo – rede especializada em cama, mesa e banho, com unidades em Santo André e São Bernardo – lamenta o tempo quente, mas aposta na recuperação das vendas com a chegada do frio. O faturamento da empresa está 20% menor na comparação com o fim do outono do ano passado. “A questão do clima é fundamental para o sucesso das vendas. Estamos vendendo menos, mas também encomendamos menos, o que minimiza o prejuízo”, afirma.

A lamúria do comércio se traduz nos números da meteorologia. Segundo o Instituto de Meteorologia Climatempo, a temperatura média na região metropolitana de São Paulo nesta quarta foi de 20,5 graus. Na mesma data, um ano antes, os termômetros registravam média de 14 graus.

No entanto, dados da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) mostram que as vendas acumuladas de abril a agosto – período de maior concentração de saída da coleção outono/inverno, no caso do setor de vestuário – podem surpreender.

A mais recente pesquisa conjuntural do comércio varejista aponta crescimento de 39,43% em abril na comparação com o mesmo mês de 2004. Embora não seja parâmetro para contabilizar a comercialização total de artigos de inverno, a pesquisa indica que as vendas começaram na estação mais fortes que no ano passado.

A gerente Adriana Pereira, da Malhas Toque Suave, no centro de Santo André, acompanha as expectativas da Fecomercio. “Estamos atacando em descontos e parcelamentos, e mantendo muitos dos preços do ano passado, mas essa situação deve se reverter com a chegada do inverno”, explica. “O que não pode acontecer é levarmos prejuízo. O frio de 2004 foi muito bom para nós, e um ano de vendas fracas pode colocar tudo a perder. Abastecemos os estoques antes e começamos vendendo bastante. Esperamos ver as prateleiras vazias até o final do inverno.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;