Automóveis Titulo Segurança
A hora dos air bags
Do Diário do Grande ABC
09/12/2009 | 07:00
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A partir de 2014, todos os carros que saírem da linha de montagem deverão estar equipados com air bag duplo frontal. As famosas bolsas infláveis que salvam vidas deixam de ser opcionais e passam a ser itens de série desde o veículo popular mais baratinho ao sedã mais luxuoso e caro.

Apesar da obrigatoriedade, muitos desconhecem os verdadeiros benefícios do air bag, suas qualidades, e claro, recomendações de uso.

O primeiro ponto de extrema relevância é que o air bag não é um equipamento do Super-Homem, capaz de salvar todas as vidas. "Há colisões em altíssimas velocidades que nem o air bag salva", conta Nivaldo Siqueira, gerente de desenvolvimento de negócios da TRW, empresa que cria sistemas para veículos. "Não existe uma velocidade limite para dizermos com precisão que até ‘X' km/h o air bag salva", completa o especialista. As bolsas são acionadas acima de 16 km/h.

É importante ressaltar que o air bag sozinho também não faz milagres em batidas de baixas ou médias velocidades. Ele complementa um item de segurança que por aqui é obrigatório há algum tempo: o cinto de segurança. "Ter air bag no carro não significa que não precisa usar cinto", explica Siqueira. "A combinação air bag mais cinto de segurança aumenta muito as chances de sobreviver a um acidente de grandes proporções."

EVOLUÇÃO - Siqueira acredita que o sistema de air bag não tem muito a evoluir. "Claro que sempre tem algo a melhorar, mas a concepção do equipamento não deve mudar", explica. Para ele, no entanto, a evolução de outros sistemas de segurança automotivo deverão continuar evoluindo. Recentemente, por exemplo, a Ford apresentou cinto de segurança inflável que, de acordo com a própria montadora, ajudará a evitar lesões nos órgãos internos, tórax e coluna vertebral.

AGORA É LEI! - A lei que obriga todos os carros a terem air bag de fábrica causou polêmica - como a maioria das leis brasileiras. Alguns aprovam, outros consideram uma medida para elevar ainda mais os preços dos já caros automóveis.

Para o especialista da TRW, a medida é interessante. "É o primeiro passo positivo", acredita. De acordo com ele, trata-se de "uma evolução para os consumidores brasileiros - algo que já é realidade na Europa".

Especificamente sobre o incremento do valor do carro, é impossível não admitir que ocorrerá. Trata-se de um equipamento de ponta e que agrega tecnologia.

No entanto, de acordo com Siqueira, esse aumento não será tão significativo como alguns projetam. "Primeiramente produzimos air bags com preços bastante competitivos", explica. "E com a necessidade de fazer ainda mais, a tendência é que o produto fique com valor ainda mais em conta", completa.

Agora, convenhamos, as montadoras devem fazer a parte delas.

QUESTÃO DE SAÚDE - O trânsito brasileiro é um dos mais violentos do mundo. De acordo com dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), no primeiro semestre deste ano o trânsito de São Paulo matou 690 pessoas. E muitas dessas mortes talvez pudessem ter sido evitadas se motoristas e passageiros utilizassem o cinto de segurança, que é obrigatório.

Segundo Mauro Ribeiro, diretor financeiro da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), as partes do corpo que mais sofrem em colisões no trânsito quando os ocupantes estão sem cinto são os membros inferiores (pernas) e superiores (braços). "No entanto, os ferimentos mais graves estão localizados na cabeça e na região do tórax", diz o especialista.

Quando o motorista utiliza cinto de segurança e o veículo em que trafega está equipado com air bag, a "redução no número de ferimentos graves e de vítimas fatais é de 50%, segundo alguns estudos", exalta Ribeiro. "Cinto e air bag são a combinação perfeita".

Especificamente sobre a nova legislação de obrigatoriedade do air bag, Ribeiro reconhece que a discussão passa muito pela questão de custos. No entanto, na sua opinião, a medida é valida se observada pela questão da segurança das pessoas. "É evidente que há sempre uma análise referente ao grau de investimentos. Porém, é preciso reconhecer que a prevenção é o melhor caminho a ser trilhado. É melhor gastar dinheiro com equipamentos de segurança do que com sistemas de som", posiciona-se o especialista.

Alguns estudos também apontam que o alto índice de mortalidade no trânsito brasileiro é um problema de saúde pública. E que a redução de casos - fatais ou não - ajudaria a melhorar, e muito, o sistema de saúde pública brasileiro. A obrigatoriedade do air bag é o início.




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