Cultura & Lazer Titulo
Malvada de Passaperto
Por Gabriela Germano
Da TV Press
09/04/2008 | 07:08
Compartilhar notícia


Aos 74 anos de idade e 54 de carreira, Eva Wilma diz que brinca trabalhando. E como a fria e gananciosa Cândida, de Desejo Proibido, a atriz tem voltado à infância. “Em algumas cenas a gente volta a ter 7 anos de idade. O melhor para o ator é isso, poder se divertir com o texto”, confirma a veterana.

A vilã da trama das seis da Globo é mais uma que a atriz deve guardar com carinho. Vai juntar a inesquecíveis figuras como as gêmeas Ruth e Raquel, na primeira versão de Mulheres de Areia, da Tupi, Maria Altiva, de A Indomada, e Hilda Pontes, de Pedra Sobre Pedra.

O folhetim à moda antiga de Walther Negrão é o tipo de trabalho que Eva gosta de fazer. É o estilo de trama que lhe dá prazer. Confira trechos da entrevista.

Você reclamou que as novelas estavam apelativas demais e deixaram de ser interessantes. O fato de Desejo Proibido ser uma trama à moda antiga foi o que a atraiu?
EVA WILMA – Foi um dos motivos. A evolução das novelas as levou para um caminho que as transforma quase em um programa de humor. E acho que aí fica sem sentido, sem romantismo. A essência do folhetim não pode ser deixada de lado. Seja no horário das seis, das sete ou das nove, é preciso saber contar uma história e despertar a curiosidade do telespectador, para que ele queira saber o que vai acontecer no próximo capítulo.

Qual é o prazer que você encontra na personagem Cândida?
EVA – A história dela me atraiu de cara. As relações de Cândida com o personagem Viriato no passado é que ocasionaram o que ela é no momento atual da novela. Há uma história que contextualiza a personagem.

Algumas vilãs de sua carreira marcaram muito, como a Raquel da primeira versão de Mulheres de Areia e mais recentemente a Maria Altiva, de A Indomada. Você acha que é mais lembrada pelas malvadas que fez do que pelas heroínas?
EVA – As vilãs de novela são as desencadeadoras das ações e a consciência crítica do autor. Elas ironizam tudo. Então, de certa maneira, elas também podem ser a consciência crítica do público. Mas não tenho preferência por vilãs ou heroínas, tenho preferência por bons papéis.

Você volta a trabalhar com o Lima depois de 15 anos, a última vez foi em Pedra Sobre Pedra, em 1992...
EVA – Foi, e surpreendentemente também a primeira. Por mais estranho que possa parecer, nunca tínhamos trabalhado juntos antes. Mas as pessoas nos vêem como grandes parceiros porque fizemos basicamente a mesma escola. Éramos da Tupi. Em Pedra Sobre Pedra a gente discutia muito nos bastidores porque minha personagem, a Hilda Pontes, era a esposa e ele defendia muito mais a outra, a Pilar Batista, de Renata Sorrah. Então ele defendia que minha personagem tinha de ser mais submissa e eu dizia que não. No final da novela o autor me deu páginas e páginas para mostrar que eu não era submissa (risos).

A TV ainda surpreende você?
EVA – Prefiro surpreendê-la. Autor, diretor e ator têm o mesmo objetivo: entreter o público emocionando e divertindo. O humor é essencial em tudo na vida. Fiz vários trabalhos profundos ao longo da carreira e mesmo nos momentos mais dramáticos eu conseguia fazer rir. Isso é meio chapliniano. Posso parecer pretensiosa, mas Chaplin era assim. Mostrou momentos dramáticos sem perder o humor. O que vem para as minhas mãos, eu uso. Chance a gente agarra e faz acontecer.

Você tem algum ressentimento em relação à carreira?
EVA – É uma sabedoria de vida usar os obstáculos e dificuldades para vencer. Se você me perguntar se gosto de fazer novela, peça e filme ao mesmo tempo, eu vou responder que preferiria fazer um por vez. Mas as dificuldades de uma carreira são tantas que quando uma chance aparece, você não pode jogar fora. Ou optar e dizer com convicção: não vou fazer. É preciso saber escolher.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;