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Chile: primeiro ano de Bachelet teve mais tropeços do que o esperado
Por Da AFP
09/03/2007 | 18:48
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Michelle Bachelet completa neste domingo um ano à frente do governo do Chile, um período marcado por alguns tropeços e pela desaceleração da economia, ainda que a instauração bem sucedida de políticas sociais tenha permitido que sua popularidade se mantivesse em torno dos 50%. Bachelet é médica pediatra e tem 55 anos.

Depois de uma curta lua-de-mel após a posse, em 11 de março de 2006, os problemas para a presidente começaram a aparecer no início de maio, quando estudantes secundaristas organizaram os maiores protestos da categoria das últimas três décadas.

Os jovens, que permaneceram mobilizados por quase 40 dias, tentaram pôr o novo governo em xeque e foram o estopim de uma precoce mudança no gabinete presidencial, que incluiu a saída dos ministros do Interior, Andrés Zaldivar, e da Educação, Martin Zilic. A oposição de direita considerou que Bachelet se comportou de maneira equivocada perante os estudantes, que exigiam profundas reformas na educação pública chilena.

As críticas também vieram por causa da economia, já que em 2006 a taxa de crescimento do Chile foi de apenas 4,2%, bem menos que os 6,3% alcançados no ano anterior. Foi o único país da América Latina a crescer menos em 2006 em relação a 2005.

A inesperada desaceleração da economia chilena foi atribuída a um excesso de zelo por parte do ministro da Fazenda, Andrés Velasco, empenhado em manter a austeridade fiscal - resultado disso foi o histórico superávit de quase 11 bilhões de dólares em 2006.

Em contrapartida, Bachelet recebeu aplausos pela firmeza que mostrou ao ordenar a distribuição gratuita da chamada "pílula do dia seguinte" a adolescentes maiores de 14 anos, sem a necessidade do consentimento dos pais e apesar da forte oposição da Igreja Católica, muito influente no país.

Outro motivo de críticas para Bachelet foi o envio ao Parlamento de um projeto de reforma do sistema de pensões, herança da ditadura de Augusto Pinochet, que seria incapaz de garantir pensões dignas a quase metade das cerca de sete milhões de pessoas que dependem desses recursos.

A forma como a presidente lidou com a morte de Pinochet, em dezembro do ano passado, evitando uma nova polarização pólítica na sociedade chilena, foi elogiada dentro e fora do país. Bachelet, que sofreu na própria pele os rigores da ditadura, não permitiu que o militar fosse enterrado com honras de chefe de Estado. Pinochet ficou no poder de 1973 a 1990, deixando mais de três mil vítimas, entre mortos e desaparecidos.

Concentrada quase que exclusivamente nas políticas sociais, a presidente conseguiu manter seu nível de aprovação em torno dos 50%, segundo pesquisas recentes, o que representa apenas uma pequena queda em relação ao número de eleitores que a apoiou nas urnas.




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