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Para Burton, 3D é só um recurso
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13/05/2010 | 07:00
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É um dos cargos mais honoríficos da França. Principalmente quando o presidente do júri de Cannes é um norte-americano, a impressão é de que ele está presidindo a França. Clint Eastwood montou o seu Eliseu em uma vila nas montanhas que circundam a cidade. Tim Burton preferiu se instalar no alto do Hotel Carlton, na Croisette. Ele não leva jeito para imperador nem para juiz. Em vez de júri, prefere referir-se aos colegas como ‘grupo'.

"Não estamos aqui para julgar, não somos juízes", sentenciou. O que ele quer, o que todos querem "é ser surpreendidos". O corpo de jurados inclui atores e atrizes (Benicio Del Toro, Kate Beckinsale e Vittoria Mezzogiorno), além de cineastas (o anglo-indiano Shekhar Kapoor e o espanhol Victor Erice). Na apresentação do júri, ao falar sobre Erice, o meneur du jeu Henri Behar lembrou "O Espírito da Colmeia", que definiu como um filme que até hoje nos assombra. Tim Burton balançou a cabeça em sinal de aprovação e puxou os aplausos.

Embora tenha feito "Alice no País das Maravilhas" para ser projetado em 3D, Burton não supervaloriza o efeito "Avatar". Ele não acha que o futuro do cinema é 3D. Cannes já mostrou filmes em três dimensões no passado (o mais recente foi "Up - Altas Aventuras").

Neste ano, nenhum dos filmes de autor da competição recorre à ferramenta - para ele, o 3D é apenas isso, "a tool", como a cor ou a cenografia. O importante é sempre o uso que o diretor faz das suas ferramentas. "Não acredito numa só forma de cinema. A grandeza do festival está na diversidade que oferece".

Como animador, Burton lembrou que o início da computação gráfica decretou a morte do desenhista profissional. "Hoje, as coisas se acomodaram e voltamos ao desenho tradicional". Com a nova etapa da terceira dimensão, consolidada com o megassucesso de Avatar, ele espera que ocorra a mesma coisa.

Eclético e interessante como é, o júri de Tim Burton tinha resposta para tudo. Victor Erice sintetizou o sentimento do grupo, repudiando a prisão de Jafar Panahi no Irã. Os jurados, na verdade, só empacaram quando perguntados sobre a Palma de Ouro preferida. Tim Burton não se lembrou de nenhuma. O compositor Alexander Desplat salvou a pátria, mas tirou sua escolha do baú - Taxi Driver, de Scorsese, em 1975 (35 anos já!). 




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