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Consórcio pede ao governo federal regras mais rígidas nos aeroportos

Paulo Serra, presidente do colegiado, mostra preocupação com a variante descoberta na África do Sul

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
27/11/2021 | 00:37
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Claudinei Plaza


O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC vai enviar um ofício ao Ministério da Saúde na segunda-feira para pedir a implementação de regras mais rígidas de imigração nos aeroportos. Presidente do colegiado, o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), mostrou preocupação com o surgimento da variante africana do coronavírus, denominada ontem pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como ômicron, e espera que o governo federal amplie as exigências nas fronteiras para que o Brasil impeça a entrada de estrangeiros que possam estar infectados.

“Vamos pedir ao Ministério da Saúde para que as pessoas que chegarem ao País tenham, obrigatoriamente, as duas doses da vacina e teste de PCR (feito em até) 72 horas. Hoje, não tem nenhum tipo de regra sanitária para a chegada de estrangeiros. É exigido apenas teste para os brasileiros que retornam ao País. Não é fechar a fronteira, mas criar uma regra, assim como nos Estados Unidos, Portugal e a grande maioria dos países que recebem turistas”, cobrou Paulo Serra.

A iniciativa do prefeito andreense encontra amparo na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Ontem o órgão recomendou a adoção de medidas restritivas de caráter temporário em relação aos voos e viajantes procedentes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue, em decorrência a nova variante. Em nota, a agência retoma a avaliação feita pela OMS, que analisa nova variante com maior taxa de transmissibilidade e provavelmente relacionada ao aumento contínuo de infecções pela Covid nos referidos países, cuja cobertura vacinal encontra-se baixa.

Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter dito pela manhã que era ineficaz fechar as fronteiras, à noite o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), escreveu no Twitter que o País não vai receber voos dos seis países citados pela Anvisa. “O Brasil fechará as fronteiras aéreas para seis países da África em virtude da nova variante do coronavírus. Vamos resguardar os brasileiros nessa nova fase da pandemia naquele país. Portaria será publicada amanhã (hoje) e deverá vigorar a partir de segunda-feira”, escreveu o ministro.
Paulo Serra explica que as variantes não estavam sendo debatidas no Brasil em razão do baixo número de infectados das últimas semanas, mas que é preciso tomar uma atitude. “O Brasil, se pegarmos as curvas de infecção, reflete 30 dias depois do que houve na Europa. Temos que ficar em alerta, por isso a importância das regras mais rígidas nos aeroportos para que isso não chegue com intensidade aqui”, comentou o prefeito.

O tucano destacou o fato de a Faculdade de Medicina do ABC, que fica em Santo André, ter condição de detectar as variantes do coronavírus. “Temos capacidade de sequenciamento de vírus. Chegamos a fazer isso no auge da pandemia para identificar a delta, agora, com o número de casos que temos, não faz sentido porque é um procedimento caro, mas, se identificarmos qualquer aumento de casos, vamos retomar esse sequenciamento para identificar as variantes. O Grande ABC tem condição de fazer esse monitoramento”, garantiu o chefe do Executivo.

CARNAVAL
Paulo Serra disse que é contra a realização de festas durante o Carnaval, mas que o tema deve ser debatido com as outras cidades da Grande São Paulo para que a decisão seja conjunta em razão da proximidade dos municípios. “Vou defender a não realização dentro do Consórcio (em assembleia que deve ocorrer na primeira quinzena de dezembro). Só que tem uma questão que precisamos considerar. Na Região Metropolitana, quanto mais uniforme a decisão, mais efetiva é a consequência da nossa ação. As cidades são grudadas. Se a gente proíbe em Santo André e tem Carnaval em São Paulo, muito possivelmente quem está disposto a ir vai pegar o carro e ir para a Capital. Ai não tem efetividade”, finalizou o tucano.


Variante sofreu 50 mutações e mudou proteína alvo da vacina


Infectologista do Hospital Brasil, da Rede D’Or São Luiz, em Santo André, Ruan de Andrade disse que é preciso atenção com o surgimento da variante ômicron, principalmente porque sua composição sugere dificuldade para a neutralização por parte das vacinas existentes.

“Em algumas regiões da África do Sul se observou aumento expressivo no número de casos. Em uma província se detectou uma variante que difere de forma significativa das demais que vinham circulando. Essa nova variante tem 50 mutações importantes, sendo 30 delas na proteína spike, que é o alvo imunológico da maioria das vacinas e isso gerou uma preocupação. Possivelmente essa variante é mais transmissível ou consegue evadir a imunidade das pessoas vacinadas ou que tiveram a proteção em razão da contaminação. Mas isso é uma observação epidemiológica. Esse alerta é muito precoce e ao longo dos próximos meses que teremos o real impato dessa variante na circulação do coronavírus no mundo todo”. comentou Andrade.

Além da proteção pela vacina, o infectologista destaca o receio dos médicos com possível resistência da ômicron aos tratamentos que combatem as outras cepas do coronavírus. “A mutação é um fenômeno natural do vírus. Toda vez que surge uma nova variante a gente se preocupa com a possibilidade dela transmitir mais, causar doença mais grave, alterar a capacidade de exames ou o diagnósticos ou escapar dos tratamentos”, comentou Andrade.

Apesar de tudo ser recente, Andrade tranquilizou a população e lembrou que os imunizantes conseguiram neutralizar as outras mutações do vírus. “Não há que ter pânico quanto à efetividade das vacinas, que se portaram muito bem contra a delta e as outras variantes. O segredo é diminuir circulação viral e para isso a estratégia mais eficaz sem dúvida é a prevenção por meio da vacinação porque diminuiu número de casos e mutações”, finalizou o especialista. 




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