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Região tem 770 na fila por transplante
Por Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
09/03/2008 | 07:00
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Um levantamento exclusivo feito pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo revela que há 770 moradores da região à espera de um órgão ou tecido. Cada paciente aguarda, em média, dois anos e meio pelo procedimento. O Grande ABC não conta com uma OPO (Organização de Procura de Órgão). A região está associada à OPO da Escola Paulista de Medicina, na Capital.

A pedido do Diário, a Secretaria Estadual da Saúde elencou a demanda. O rim é o órgão mais disputado. São 527 pacientes na fila. A maioria sofre de algum tipo de inflamação crônica e necessita passar todos os dias por sessões de diálise até que um doador, vivo ou com morte encefálica comprovada, seja encontrado.

Apesar de alto para quem espera, o prazo registrado no Estado é o menor do País. Segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a fila no Mato Grosso chega a 31 anos.

Em segundo lugar na ordem regional de urgência está o transplante de córnea, com 118 possíveis receptores. Há quatro anos, o Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, realizava cerca de quatro transplantes de córnea por semana. Hoje, o centro está fechado por entraves burocráticos. Faltam documentos para a liberação das cirurgias.

A legislação brasileira estipula regras para a captação de órgãos. Todos os hospitais com mais de 80 leitos devem formar uma comissão intra-hospitalar responsável por notificar a Central de Transplantes do Estado quando um potencial doador tem morte encefálica. Mas a comunicação nem sempre acontece.

Segundo o assistente-geral da Central de Transplantes do Estado, Reginaldo Boné, é preciso aprimorar o trabalho. “Hoje, apenas um em cada seis casos de morte cerebral é comunicado à Central de Transplantes. As notificações devem acontecer com maior freqüência para que o trabalho possa ser feito”, diz.

Os receptores só são chamados depois que familiares aprovam a doação. Quem está na fila, conhece a angústia. “Sou duplo-transplantado. Recebi pâncreas e rim em 2003 depois de esperar por quase dois anos em uma fila paralela pela necessidade dos dois órgãos. Um período difícil”, conta o professor Luiz Alberto Simões, de Santo André.



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