A situaçao mais grave é dos transplantados que tomam o medicamento Sandimun Neural, para evitar a rejeiçao do novo órgao e que está em falta no estoque da SES. A secretaria oferece em troca a Ciclosporina, que tem princípio ativo semelhante, mas nao é bem absorvido pelo organismo. "Cerca de 80% dos médicos se recusa a fazer a substituiçao e a SES também nao se responsabiliza pelo que pode ocorrer aos pacientes", diz Gilson Nascimento da Silva, representante dos doentes.
A dona de casa Cleusa Lopes de Araújo, de 49 anos, chegou ao posto à meia-noite deste domingo para garantir uma das 200 senhas distribuídas a partir das seis horas da manha. Ela saiu de Realengo, na zona oeste, e terá de voltar em 10 dias: recebeu um terço da quantidade de comprimidos necessários para impedir a rejeiçao de um rim, transplantado em 96. Quem nao recebeu senha, passou a manha em outra fila, aguardando o atendimento.
"Você acredita que o transplante vai acabar com seus pesadelos, mas é só o início de outros", disse a dona-de-casa Maria do Carmo Tavares, de 34 anos, mae de Cleidiane, de 10, que recebeu um rim há quatro meses e está sem remédio desde a semana passada. Os pacientes renais receberam metade das ampolas de Hemax necessárias para conter anemias profundas. "Cada uma custa R$ 100 e nao sei como fazer para tomar todas as ampolas que preciso", disse o aposentado Angelo Trindade, de 63 anos.
Em todo o estado há 950 pessoas transplantadas e 5,6 mil na lista de espera. Segundo o presidente da Associaçao de Renais Crônicos e Transplantados, Júlio Lucena, há cinco anos à espera de um rim, "nao faltam órgaos para transplante, o que falta é estrutura nos hospitais e recursos humanos".
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