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Polícia indicia Maninho por lesão corporal dolosa

Ex-vereador de Diadema agrediu militante antiLula; filho do ex-parlamentar, Leandro também foi acusado

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
10/04/2018 | 06:00
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Montagem/DGABC


A Polícia Civil indiciou ontem o ex-vereador de Diadema Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, e seu filho, Leandro Eduardo Marinho (ambos do PT), por lesão corporal dolosa – quando há intenção de agredir alguém. Na quinta-feira, ao empurrarem e chutarem o empresário Carlos Alberto Bettoni, 56 anos, a vítima bateu a cabeça no para-choque de um caminhão e sofreu traumatismo craniano grave.

O tumulto aconteceu nas redondezas do Instituto Lula, no bairro Ipiranga, na Capital, poucas horas depois de o juiz Sérgio Moro decretar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na tarde de ontem, Maninho e Leandro prestaram depoimento no 17º DP (Ipiranga), onde o caso foi registrado. Ao Diário, o delegado responsável pelas investigações, Wilson Zampieri, disse que pai e filho admitiram ter agredido o empresário após ouvirem provocações e xingamentos, mas que não tinham a intenção de jogá-lo contra o caminhão. “Eles alegaram que Maninho é membro da executiva estadual do PT e que foram a uma reunião no Instituto Lula. Segundo a versão deles, quando saíram do encontro – Leandro estava aguardando no carro – a vítima teria xingado, chamado de ladrão. Aí eles foram para cima da vítima. Começaram a empurrar e quando chegou perto da calçada, deram o último empurrão, foi quando o caminhão passou”, relatou Zampieri.

Médicos do IML (Instituto Médico-Legal) farão hoje exame de corpo de delito em Bettoni, que segue internado na UTI do Hospital São Camilo, para onde foi levado após a briga, também no Ipiranga – seu estado de saúde é estável, mas não há previsão de alta. É com esse laudo que a polícia vai identificar se a lesão corporal será considerada grave ou gravíssima. A pena máxima que Maninho e Leandro podem pegar é de oito anos de prisão.

O CASO
No vídeo, Maninho e Leandro aparecem depois que xingamentos são disparados. “Saia daqui, seu m.... Vai apanhar”, alerta Maninho, enquanto Bettoni estende a mão para se proteger. “Espera aí, não vem, não”, responde o empresário, para, logo em seguida, correr para o outro lado da calçada, levar chutes e ser atingido pelo caminhão.

Bettoni chegou a desmaiar na via e, em seguida, foi socorrido e levado para o hospital. Entre os que o ajudaram estava o compositor Roberto Logan, que contou à TV Globo que foi com Bettoni até o local e que quando o amigo xingou o ex-presidente, Maninho se irritou. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a confusão começou quando Bettoni interrompeu uma entrevista do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) com xingamentos. “Vem apanhar aqui, seu filho da p... Vai ser reeleito aqui, seu v...?”, teria gritado Bettoni.

Horas depois do ocorrido, Maninho relatou ao Diário ter revidado provocações. “O vídeo não mostra a realidade. As câmeras estavam todas viradas para o Instituto Lula. Eu passei lá para dar um abraço no Lula. Estava indo embora, de costas, quando dois caras vieram, querendo nos agredir. Eu falei: ‘Não, calma’. Esse rapaz de vermelho que aparece no vídeo caindo é nosso (correligionário). Bateram nele. Eram dois, mas um correu.Eles chegaram falando: ‘Vou quebrar a cara, agredir’. (Eles) Podem falar, mas não bater. Foi uma confusão generalizada. Fiquei preocupado porque não queria deixar que machucassem meu colega. Não tem espaço para agressão. Estão matando prefeitos, vereadores. Chega disso”, justificou o ex-vereador, no dia do caso.

Nas imagens também é possível ver um homem de camisa vermelha tentando chutar Bettoni, mas que se desequilibra e cai em seguida. Ele foi identificado pela polícia como “Paulão” e seria diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O delegado antecipou que ele deve ser ouvido hoje e possivelmente também será indiciado pelos mesmos crimes. Sobre o indiciamento, a defesa de Maninho contemporizou e sustentou que o petista nunca se escondeu das autoridades.

Petista ficou 40 horas preso em 2008

Então suplente de vereador no exercício do mandato, Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT), ficou 40 horas preso em junho de 2008 acusado de liderar uma invasão a terreno na Rua das Perobas, no bairro Eldorado, em Diadema. Em 2014, quando estava no seu quinto mandato e no comando da Câmara, o petista foi inocentado.

Na época, Maninho foi detido em casa e levado à prisão por ordem do delegado Mário Aidar Franco, então do 1º DP (Centro) de Diadema. Além do então parlamentar – naquela ocasião atuava como líder do governo do então prefeito José de Filippi Júnior (PT) –, foi encaminhado à delegacia José Francisco da Costa, que também foi inocentado.

Após perder as eleições de 2016, quando foi o candidato do PT ao Paço diademense – recebeu 31.921 votos – , Maninho foi nomeado para o cargo comissionado de assistente parlamentar 4, no gabinete do deputado estadual Teonílio Barba (PT), onde segue lotado, com salário de R$ 5.432,46 por mês. 




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