De olho no transito Titulo
Chega de acidentes

O poeta Olavo Bilac e o abolicionista José do Patrocínio protagonizaram no início deste século um dos primeiros acidentes de carro

Por Cristina Baddini
19/03/2010 | 00:00
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O poeta Olavo Bilac e o abolicionista José do Patrocínio protagonizaram no início deste século um dos primeiros acidentes de carro de que se tem notícia no Brasil. Uma árvore foi a vítima do acidente, na qual bateu o veículo guiado por Bilac, importado da França por Patrocínio, que também estava no carro. A três quilômetros por hora estragaram a máquina na Rua da Passagem, em Botafogo, Rio de Janeiro. O que Bilac não esperava é que seria o precursor de uma catástrofe que mata quase 100 pessoas por dia no Brasil onde, a cada minuto, 14 pessoas sofrem acidentes de trânsito e a cada três deles uma pessoa é ferida. A cada 15 minutos, uma pessoa morre.

O Brasil registra anualmente 1,5 milhão de acidentes. O número de feridos por ano é 400 mil. Essa quantidade de acidentes resulta em 35 mil mortes por ano. Aproximadamente 7,5 milhões de pessoas se envolvem de alguma forma em acidentes de carro no período de um ano e mesmo assim a legislação de trânsito parece ser menos importante que as outras leis. Infrações de trânsito são consideradas pequenos deslizes. Culturalmente, no Brasil, o acidente de trânsito é tido como uma fatalidade. É um acontecimento fortuito e não previsto. Em tese, os motoristas não saem às ruas para, deliberadamente, matar ou ferir pessoas com seus veículos e, pasmem, recebem tratamento de crime culposo e não doloso. A impunidade também é um grande problema, além do sofrimento ao qual estão submetidos os que se acidentam no trânsito.
Duas pesquisas realizadas pela ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelaram que os acidentes de trânsito no Brasil custam ao Estado e à sociedade aproximadamente R$ 30 bilhões por ano, ou seja, 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Desse modo, este tipo de ocorrência custa caro ao povo e à sociedade brasileira, onerando sobremaneira, os sistemas de Saúde e de Segurança Pública. Entretanto, não observamos políticas públicas consistentes no sentido de reduzi-los.
Pelo mundo
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o trânsito é responsável pela morte de 1,2 milhão de pessoas. E estudo divulgado pela instituição, que é ligada à ONU (Organização das Nações Unidas) revela que quase metade dos mortos nos acidentes rodoviários no mundo são pedestres, ciclistas e motociclistas.
Mais de 90% das mortes ocorrem em nações em desenvolvimento. Nos países mais pobres, 80% das mortes no trânsito são de "usuários vulneráveis", ou pessoas que não estão nos carros. Os acidentes de trânsito provocam a morte de mais de 3.000 pessoas por dia e custam ao mundo US$ 65 bilhões anuais.
A ONU declarou que os próximos dez anos serão de ações do órgão voltadas para o assunto. O objetivo é diminuir em 50% o índice de mortes já nesta década, o que deve salvar 5 milhões de vidas.
A FICV (Federação Internacional de Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho) salienta a importância de convencer os governos a sancionar e garantir o cumprimento das leis de trânsito. Além disso, há a necessidade de diminuir os limites de velocidade, estabelecer fiscalização sobre as restrições quanto a consumir álcool e dirigir, assim como intensificar a fiscalização do uso do cinto de segurança no banco traseiro e o uso correto do capacete.




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