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'Espero que a justiça divina aconteça', diz mãe de vítima dos ataques
Por Do Diário do Grande ABC
13/05/2007 | 07:01
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Não se sabe onde, como e por quem Evandro José de Oliveira, 33 anos, foi morto. O crime ocorreu em 18 de maio. Viciado em crack, sua família tentava afastá-lo da cidade para livrá-lo da dependência. “Vendi a casa onde ele vivia e comprei um apartamento para ele. Queria ajudá-lo a fugir das drogas. No mesmo dia, à tarde, ele me pediu dinheiro. Eu sabia para quê. Mas sempre dava R$ 20, R$ 30. Naquele dia, ele disse que tinha um policial querendo matá-lo”, conta sua mãe, Ivonete Sueli Carrilho Jacarandá, 55 anos.

Ela deu o dinheiro e Evandro saiu de casa, rumo à favela Tamarutaca, em Santo André, onde comprava as pedras de crack. Foi a última vez que a mãe viu o filho vivo.

Evandro deu entrada no Pronto-Socorro Central de Santo André na madrugada seguinte, com dois tiros na cabeça, seis no tórax, um na perna esquerda e um no braço esquerdo. A família só o encontrou no hospital. E foi a família que fez o Boletim de Ocorrência comunicando o assassinato.

Foram dez tiros, a maioria em regiões vitais como a cabeça ou o peito. Mas o BO foi registrado como “lesão corporal seguida de morte”, e não como homicídio.

A mãe de Evandro não sabe como ele morreu. Não sabe quem o matou. Não sabe onde ele estava quando foi baleado e nem quem o levou ao hospital. A única coisa que ela tem certeza é que a polícia está investigando o caso. “Eles disseram que estão investigando. Estão investigando sim. Mas, quando pergunto, dizem que não podem passar informações para não atrapalhar o processo”, conta a mãe.

Entretanto, o que a mãe de Evandro não sabe é que o inquérito policial para apurar a morte do filho – primeiro passo para uma investigação da Polícia Civil – só foi instaurado no sábado, quando a reportagem pediu acesso aos autos. Um ano depois do crime. Antes disso, nada havia sido feito.

A alegação da polícia para a falta de investigação até hoje é que a equipe da delegacia é nova. O delegado titular do 1º DP de Santo André, Edson Gianuzzi, tomou posse no distrito há dois meses. Na época dos atentados, ele não estava na delegacia. “Estou instaurando inquérito ainda hoje (sexta-feira). Obrigado por nos avisar desse caso”, disse o delegado Gianuzzi.

A mãe de Evandro reconhece que seu filho tinha “problemas sérios”. Diz que, por conta do crack, o morador do bairro Campestre, área nobre de Santo André, chegou a cometer crimes. Mas diz que nada justifica seu assassinato. “Meu filho era viciado em crack. Só quem passa por essa situação sabe como é ver um parente nesse estado. Ele já tinha roubado para sustentar o vício, mas não fazia mal a ninguém, só a ele. Não precisava matá-lo. Poderiam ter prendido”, lamenta. Apesar da confissão à mãe de que estava jurado de morte por um policial, ela não condena a polícia. Mas também

não tem esperanças de que o autor seja encontrado. “Ele teve uma morte muito vingativa. Foram dez tiros. Jogo tudo nas mãos de Deus. Espero que a justiça divina aconteça”, diz.




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