Economia Titulo Grande ABC
Indústria da região opera com 56% da capacidade instalada

Entre setembro e novembro, ociosidade era de
60%; queda na produção reflete falta de demanda

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
10/03/2016 | 07:00
Compartilhar notícia
Divulgação


A utilização da capacidade instalada da indústria no Grande ABC caiu de 60% (entre setembro e novembro) para 56% em janeiro. Isso significa que, no primeiro mês de 2016, as fábricas da região operavam com 44% de ociosidade. A queda na produtividade é consequência, entre outros fatores, da diminuição no poder de compra da população, o que desestimula a demanda por itens industrializados.

No Sudeste, a média de utilização da capacidade instalada é de 60%. No Estado, o percentual sobe para 62%.

Os dados foram publicados ontem pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista e integram o primeiro boletim IndustriABC. O levantamento é feito em parceria com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e tem como objetivo fazer análise conjuntural do setor produtivo na região.

O professor Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico, salienta que a queda na demanda desestimula novos aportes por parte dos empresários. O boletim mostra que a intenção de investimento na indústria caiu de 44,9 para 34,4 pontos de dezembro a janeiro. Em outubro, havia chegado a 55. A escala vai de zero a 100. Quanto mais baixa for a numeração, mais negativo é o indicador. “Não existe nenhum fator que, neste momento, justifique os investimentos”, comenta o economista.

No último trimestre de 2015, o índice de evolução da produção das empresas da região caiu de 45,2 para 22,7, apresentando pequena aceleração em janeiro e chegando a 34,2.

Maskio salienta que a ociosidade da produção gera custos para a empresa, que tem gastos para manutenção da estrutura – como energia elétrica, aluguel de área e de equipamentos, entre outros – sem receber retorno financeiro.

O ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial) do Grande ABC em janeiro ficou em 26,8 pontos. É o mais baixo na comparação comparação com Brasil (36,5), Sudeste (33) e Estado de São Paulo (32). Para Maskio, a região apresentou desconfiança superior a outros locais devido a alguns fatores. “A indústria daqui tem sofrido impacto negativo há um tempo muito maior, começando em 2014, quando a Argentina, nosso principal parceiro comercial no Exterior, começou a apresentar série de medidas protecionistas. Além disso, temos um polo de concentração de fábricas, o que pode facilitar a troca de experiências negativas.” Outro problema é o histórico do setor nos últimos anos. Entre 2010 e 2013, o PIB (Produto Interno Bruto) industrial do Estado caiu 6,6%. No Grande ABC, a retração foi de 19,6%.

Agora, diante da troca de governo na Argentina (Mauricio Macri assumiu a Presidência em dezembro, substituindo Cristina Kirchner) e da valorização do dólar na comparação com o ano passado, o empresariado demonstra certo otimismo em relação à possibilidade de aumento nas exportações.

RECLAMAÇÕES

A insuficiência da demanda interna é apontada como o principal problema do segmento industrial para 84,2% dos empresários da região. A alta carga tributária foi citada por 36,8% dos entrevistados, enquanto a falta ou o alto custo da energia elétrica foi destacada por 31,6%. Outra reclamação frequente diz respeito às taxas de juros – a Selic está em 14,25% ao ano. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;