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Justiça manda colocar ônibus nas ruas no Grande ABC
André Vieira e Fábio Munhoz
02/06/2011 | 05:56
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Uma decisão judicial emitida ontem pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região obriga os motoristas e cobradores do Grande ABC a colocarem parte dos veículos nas ruas, sob pena de multa de R$ 200 mil em caso de descumprimento. Nos horários de pico - das 5h30 às 9h e das 15h30 às 20h30 - as viações devem garantir contingente mínimo de 80% da frota em circulação. Nos demais horários, 60% dos coletivos devem rodar.

O secretário-geral do Sindicato dos Rodoviários do Grande ABC, Leandro Mendes da Silva, afirmou que a entidade irá acatar a decisão da Justiça. Às 14h, será realizada audiência de conciliação entre os trabalhadores e o sindicato patronal. A Justiça irá decidir o índice de reajuste a ser aplicado.

O sindicalista teme que o Poder Judiciário decida por uma proposta ainda menor do que os 8% oferecidos pelos patrões e rejeitados pelos trabalhadores na terça-feira. "Foi um erro rejeitar a proposta", avaliou. Segundo Silva, a discordância em relação à porcentagem satisfatória não é motivada por racha na diretoria. "Infelizmente, tem algumas pessoas na categoria que fazem de tudo para dar errado", acrescentou.

Gerente jurídico da AETC/ABC (Associação das Empresas de Transporte Coletivo do ABC), Francisco Bernardino Ferreira afirmou que não haverá nova proposta patronal. "Não iremos renovar a proposta, nada daquilo que já oferecemos será considerado a partir de agora, já que fomos para o tribunal."

O advogado afirmou que a oferta de reajuste das viações representava o "extremo esforço das empresas, mas o sindicato dos trabalhadores não entendeu assim."

Mesmo sinalizando que a entidade patronal não irá restaurar os debates, o advogado afirmou que é preciso resolver logo a negociação. "Se essa situação permanecer, o transporte público no Grande ABC vai entrar em colapso."

 

 

Greves prejudicam população, mas vitórias são poucas

 

Nas últimas duas décadas, o Grande ABC sofreu sucessivas greves no transporte coletivo municipal e intermunicipal. Caos no trânsito e pontos lotados se repetem nas sete cidades. Mesmo assim, a categoria garantiu poucas vitórias.

Em junho de 1989 ocorreu a paralisação mais longa do Grande ABC, que durou 11 dias e atingiu 30 empresas, com cerca de 11 mil motoristas e cobradores. Os reajustes foram negociados individualmente entre trabalhadores e empresas. À época, porém, sindicalistas avaliavam o reajuste como insuficiente, e ainda houve descontos dos dias parados.

Nova greve voltou a afetar o transporte público em abril de 1991, prejudicando 1,3 milhão de pessoas.

Oito anos depois eram 9.000 motoristas e cobradores que tiraram de circulação 950 veículos. Na época, a jornada dos trabalhadores foi firmada em sete horas e 20 minutos, igual aos trabalhadores da categoria na Capital, e o reajuste conseguido não passou de 2,4%.

Na tarde de 16 de maio de 1995 a greve trouxe violência às ruas. Seis ônibus foram depredados e 624 mil pessoas foram prejudicadas com a greve dos motoristas.

Em 2001, foi a vez de Diadema, quando mais de 31 mil pessoas ficaram sem transporte público. Mais uma vez, os reajustes pretendidos pela categoria não foram alcançados. (Camila Galvez e Maíra Sanches)

 




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