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Aumenta a tensao no relacionamento China-EUA
Do Diário do Grande ABC
09/05/1999 | 16:53
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O bombardeio ``por erro' da embaixada de Pequim em Belgrado cria riscos de novas tensoes no relacionamento entre China e Estados Unidos, marcado últimamente por uma série de litígios.

Depois de anunciada a tragédia, que deixou quatro mortos e vinte feridos, dezenas de milhares de chineses saíram às ruas - numa das maiores manifestaçoes no país desde a repressao na Praça Tiananmen em 1989 - para liberar um sentimento antiamericano que surpreendeu Washington.

'`Somos reféns nesta embaixada'. Os manifestantes ``quebraram todas as vidraças e nós, simplesmente, nao podemos sair do edifício', disse o embaixador norte-americano em Pequim, James Sasser, em entrevista por telefone à rede de televisao CBS.

O diplomata acusou implicitamente as autoridades chinesas de deixarem os manifestantes agirem livremente, cercando a representaçao ``por 48 horas'.

Um porta-voz da Casa Branca, Michael Hammer, explicou que ``há muita preocupaçao no sentido de que as coisas possam sair de controle', embora tenha assegurado que as autoridades chinesas deram garantias de ``proteçao de nosso pessoal'.

A crise se produz num momento em que as relaçoes bilaterais estavam centradas em espinhosos caminhos, como as acusaçoes de espionagem tecnológica, sensível a Pequim, as exigências de liberalizaçao comercial ou de supostas travas levantadas pelos Estados Unidos para impedir o ingresso da China na Organizaçao Mundial de Comércio (OMC).

A visita a Washington, mês passado, do premier chinês Zhu Rongji, nao apaziguou essas tensoes, a que se somou o endurecimento de tom do informe anual do Departamento de Estado sobre a situaçao dos direitos humanos no país comunista asiático.

Depois de horas de embaraçoso silêncio, as autoridades americanas multiplicaram as declaraçoes de pesar pelo ocorrido em Belgrado e insistiram na importância dada a suas relaçoes com a China.

Os ``Estados Unidos lamentam a perda de vidas humanas e as feridas infligidas a cidadaos chineses' e ``prosseguem comprometidos com seu crescente relacionamento com a China. Continuaremos a nos empenhar para conseguir (...) uma colaboraçao estratégica construtiva no século XXI', informou o porta-voz do Departamento de Estado, James Rubin, em comunicado.

Anteriormente, o presidente Bill Clinton já havia tratado de minimizar o alcance do bombardeio da embaixada chinesa, ao afirmar que esse ``trágico erro' nao constituía um revés para a busca da paz em Kosovo.

O secretário de Defesa, William Cohen, e o diretor da CIA, George Tenet, também demostraram pesar. ``Lamentamos profundamente a perda de vidas e os feridos', disseram em comunicado conjunto.




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