Os comerciantes que atuavam na feira de artesanato instalada na Praça Lauro Gomes, no Centro de São Bernardo, não podem ocupar o espaço desde ontem, por decisão da Prefeitura, com base em lei aprovada semana passada. A administração inicia hoje o processo de reabertura da praça à população, o que inclui obras de melhoria e serviços de manutenção, e afirma que vai realocar todo o pessoal retirado.

O grupo de comerciantes, que ocupavam 64 barracas, se queixa de que a administração municipal não ofereceu novo espaço para que possam trabalhar.

Segundo os comerciantes, a feira existia há 36 anos e era gerida pela Associação dos Artistas e Artesãos, a quem cada um pagava R$ 130 mensais. Lei municipal permitia a realização aos sábados, domingos e feriados, mas, com o tempo, passou a acontecer diariamente, sem autorização formal das administrações que governaram a cidade.

Os comerciantes afirmam que acreditavam que a situação estava regularizada com a Prefeitura, por meio da associação. “Foi permitida a feira todo dia, mas foi um acordo de boca”, disse o presidente da entidade, José Martins Matheus, 78. Na quarta-feira, o Legislativo aprovou projeto de lei que transfere à Prefeitura o direito de delimitação das áreas municipais que podem receber feiras de artesanato.

Maria Aparecida Alves de Oliveira, 47, tinha ponto na feirá há cinco anos e vendia fraldas pintadas à mão. Segundo ela, o trabalho ajudava a complementar a aposentadoria do marido e sustentar os três filhos. “Estão tirando emprego do trabalhador. Não sei o que vou fazer”, disse.

Maria Luzia Silva Campelo, 58, vendia peças de crochê e ressaltou que ninguém é contra a reforma da praça. “A gente só quer trabalhar.”

Em nota, a Prefeitura informou que “iniciou o processo de realocação dos artesãos e artistas, que estão cadastrados, para outros pontos e assim habilitar o pacote de ações para recuperar a praça como local de lazer”. A quantidade de inscritos, locais para onde vão e prazos não foram informados.