Esportes Titulo Confidencial
Mulheres precisam de normas só para elas
Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
09/07/2019 | 07:00
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Antes de tudo, é prazer muito grande retomar este espaço de comunicação direta com você, leitor. Depois, é preciso deixar claro que a opinião a seguir nada tem a ver com equidade de gênero. Óbvio que homens e mulheres precisam ter as mesmas oportunidades. Quero é falar sobre ciência e aproveitar o sucesso da Copa do Mundo feminina de futebol para reaquecer debate sobre regras diferentes para competições masculinas e femininas. Antes de se posicionar, responda: você sabia que o futebol é uma das únicas modalidades que não tem diferença nas normas para homens e mulheres?

No vôlei, por exemplo, a rede do masculino fica a 2,4 m e a das mulheres, a 2,2 m. No basquete, apesar de o aro ter a mesma altura (3,05 m), a bola tem circuferência menor, além de ser mais leve, assim como no handebol. Da mesma maneira, existem tanto esportes disputados apenas por homens, como a luta greco-romana e a canoagem, quanto outros exclusivos para mulheres, como nado sincronizado e ginástica rítmica.

Esse, para mim, é o grande freio que as mulheres carregam no futebol. É inegável a evolução do esporte. Se há alguns anos as goleiras tinham dificuldade para alcançar o travessão, hoje tiram de letra os chutes altos. Mas, fisicamente, o jogo é diferente do masculino. E sempre será. Quem afirma isso é estudo publicado em 2010 no Journal of Sports Science and Medicine, que examinou avanços em recordes mundiais e as performances dos dez melhores atletas em 82 esportes, ano a ano, desde 1896 – início da era olímpica moderna. Foi constatado que mulheres não são tão rápidas ou fortes quanto os homens. Fatores genéticos e hormonais afetam “a altura, o peso, a gordura, a massa muscular, a capacidade aeróbica e o limiar anaeróbico”.

Diante disso, me parece injusto que homens e mulheres joguem no mesmo campo, com a mesma bola e pelo mesmo tempo. A craque Marta, seis vezes melhor do mundo, deixou claro na eliminação do Brasil nas oitavas de final da Copa do Mundo que o aspecto físico pesou: “Tem que chorar no começo para sorrir no fim. Quando digo isso é querer mais, treinar mais, estar pronta para jogar 90 e mais 30 minutos”, lamentou a meia.

Claro que questões práticas dificultam as mudanças. Mudar o tamanho do campo ou a altura da trave, por exemplo, requer investimento e logística diferenciada. Mas sou do time dos que acham que diminuir o peso da bola e o tempo de jogo podem, sim, melhorar a qualidade da partida, deixar a modalidade mais atraente para os torcedores e também para a televisão.

Essa discussão vem de longa data e aflorou com o Mundial disputado na França. Recentemente, Emma Hayes, técnica do time feminino do Chelsea, publicou artigo no jornal inglês The Times em que abordou o tema. Segundo ela, essa discussão precisa existir. “O debate sobre essas situações no futebol feminino sempre é silenciado com um medo irreal de que qualquer mudança vai estragar o esporte ou com seu ideal de equidade”, escreveu. Goleira reserva da Seleção Brasileira, Aline Reis, em entrevista ao programada Diário Esportivo, da DGABCTV, em 2018, também enxerga com naturalidade o assunto.

“Não vejo essa discussão como agressão, tentando diminuir nossa capacidade. Olho para essa discussão como algo que possa agregar. Todos os outros esportes têm regras diferentes para homens e mulheres, por que no futebol não? O treino mais legal que fazemos é o de campo reduzido, você paga mais na bola, tem mais chutes ao gol. Então acho que deixaria o futebol mais legal não só para quem assiste, mas para quem joga”, opinou.

BRASIL SEM NEYMAR?
Bastou o árbitro chileno Roberto Tobar apitar pela última vez e decretar o título do Brasil na Copa América para pipocar nas redes sociais comentários sofre o fim da “Neymardependência”. Era como se o craque, cortado dias antes do início da competição por causa de lesão no tornozelo direito, não fizesse falta. Obviamente que isso é reflexo das polêmicas em que o jogador do Paris Saint-Germain têm se envolvido fora de campo. Neymar é imprescindível para qualquer seleção. Não se pode esquecer que, aos 27 anos, ele já é o terceiro maior artilheiro do escrete canarinho, com 60 gols em jogos oficiais, apenas dois a menos do que Ronaldo Fenômeno; Pelé, obviamente, lidera a lista, com 77.

O que Neymar precisa é decidir se quer ser o melhor do mundo e se dedicar a isso. Ou se está satisfeito em ser lembrado como um grande jogador. O primeiro passo, certamente, é sair debaixo das asas do pai, que me parece péssima influência com seu estilo superprotetor. Qual outro jogador do time de Tite, por exemplo, leva familiares ao hotel da Seleção? Ou qual outro pai tem acesso livre ao vestiário? Esse privilégio tem de acabar.

PALPITÃO DO FATTORI
Na Redação do Diário é comum brincadeiras com meus erros e acertos a cada prognóstico da rodada. Resolvi agora publicar aqui para que você, leitor, possa acompanhar (e se divertir com) meu desempenho. Importante dizer que é um palpite, nenhuma relação com torcida por este ou aquele clube, combinado?

Copa do Brasil: Palmeiras 1 x 0 Internacional. Brasileirão: São Paulo 0 x 0 Palmeiras; Bahia 2 x 1 Santos; Corinthians 1 x 0 CSA-AL. Copa Paulista: Água Santa 2 x 0 Grêmio Osasco; São Caetano 2 x 0 Santo André; e Ponte Preta 0 x 0 EC São Bernardo. 




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