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Farmácia é vítima de ladrões de jaleco
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
15/06/2005 | 07:55
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Os proprietários de farmácias do Grande ABC são vítimas de um novo tipo de assalto desde o início do ano. Os ladrões vestem jalecos brancos para se disfarçarem de farmacêuticos e, assim, despistarem tanto as vítimas quanto as pessoas que possam olhar das ruas para os estabelecimentos. Segundo a entidades que representam os donos de farmácias da região, essa nova modalidade de crime já ocorreu cinco vezes desde janeiro.

Em todos os casos, o procedimento é semelhante. Os ataques geralmente ocorrem pela manhã, logo após a abertura do estabelecimento. Os assaltantes chegam ao local utilizando uma Kombi branca ou outro veículo de mesma cor. Vestindo os jalecos, entram na farmácia e anunciam o assalto. Quem olha para o estabelecimento da rua tem a impressão de que os homens estão trabalhando no local.

Os medicamentos mais procurados pelos bandidos são aqueles de preço elevado, como os destinados para controle de disfunção erétil (Viagra e Ciallis e outros, que custam de R$ 33 a R$ 125, de acordo com a embalagem) e antibióticos, como o Cipro (R$ 150), entre outras marcas.

No último sábado, o comerciante J.C., 48 anos, que possui uma farmácia no bairro Eldorado, em Diadema, foi uma das vítimas. Como faz todos os dias, C. abriu a farmácia às 8h. Às 9h15, os assaltantes apareceram. “Uma Kombi estacionou em frente à farmácia. Dentro dela, havia três homens de branco. Dois desceram e vieram em minha direção. Pensei que fossem profissionais, pois no jaleco que vestiam tinha a inscrição ‘farmacêutico‘ no bolso esquerdo”, contou o comerciante.

O jaleco de um dos homens escondia uma submetralhadora. O ladrão apontou a arma a C. e anunciou o roubo. No momento, havia dois clientes no estabelecimento. “Mandaram que eu e os clientes fôssemos para o banheiro e nos trancaram lá dentro. Em cinco minutos, pegaram os medicamentos de maior valor nas prateleiras e depois fugiram”, detalhou o dono da farmácia. O prejuízo foi de R$ 15 mil. “O susto foi grande. Não tenho seguro e talvez tenha de fechar a farmácia por falta de dinheiro”. O comerciante registrou boletim de ocorrência somente segunda, no 4º DP de Diadema.

Ação semelhante sofreu a comerciante F.S., 53 anos, que tem uma farmácia no Parque São Vicente, em Mauá. Em janeiro, dois farmacêuticos roubaram seu estabelecimento. “Eram 9h30 quando um Gol branco estacionou em frente. Saíram dois homens com os jalecos. Pensei que fossem farmacêuticos mas, para meu espanto, apontaram armas e pegaram quase todos os remédios. Puseram em sacos de lixo e fugiram. Perdi R$ 18 mil”, contou o dono da farmácia.

“Queremos que os comerciantes registrem mais as ocorrências para que a polícia fique sabendo dos roubos e possa armar medidas de segurança”, afirmou o presidente da Assodfarm (Associação dos Proprietários de Drogarias e Farmácias do Grande ABC), Osvaldo Praxedes. “Muitos não registram os roubos por temerem represálias dos bandidos e perderem clientes por conta dos crimes. Esse tipo de atitude precisa mudar”, disse Josué Arruda Pimentel, vice-presidente do Sincofarma-ABC (Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Grande ABC). As duas entidades brigam na Justiça pelo poder de representação da classe. Na região, existem cerca de 700 drogarias.

Consultados pela reportagem, os delegados seccionais do Grande ABC afirmaram que não conhecem esse novo tipo de roubo. “Só montamos estratégias com dados e estatísticas. Se os donos de farmácias não registrarem os casos, fica difícil tomar alguma providência”, afirmou o delegado seccional de Santo André, Luiz Alberto de Souza Ferreira, responsável também por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.



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