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Preço do álcool irá a R$ 1,40 o litro no Grande ABC
Márcia Pinna Raspanti
Do Diário do Grande ABC
09/11/2004 | 10:13
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O preço do álcool nos postos de combustíveis do Grande ABC deve chegar a R$ 1,40 o litro até o fim desta semana, segundo o Regran (Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Grande ABC). Considerando o preço praticado atualmente, algo entre R$ 1,12 e R$ 1,19, o reajuste pode variar entre 17% e 25%.

O preço do álcool praticado pelas distribuidoras sofreu um aumento de 11% a 14% nos últimos dez dias. O reajuste se refletiu também no preço da gasolina, cuja composição possui 25% de álcool, que teve um aumento médio de 3%. O consumidor já tem dificuldade em encontrar o litro da gasolina por menos de R$ 2,10 na região.

De acordo com o presidente do Regran, Marcos Campanaro, os postos são obrigados a repassar os valores cobrados pelas distribuidoras. "Não temos como absorver um índice tão grande e o repasse tem sido quase imediato. O aumento vem dos usineiros, que não param de subir os preços. Os preços são livres, não existe controle no setor", afirmou.

Campanaro acredita que o reflexo do último aumento ocorrido na sexta-feira, começou a ser sentido somente nesta segunda. "Muitos postos ainda tinham estoques e no decorrer da semana os reajustes começarão a aparecer. A expectativa é de que o consumidor não encontre álcool a menos de R$ 1,40 até o fim da semana. E os aumentos devem continuar", disse.

O diretor do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), Hélio Pirani Fiorin, também acredita que os preços praticados pelas usinas "fugiram do controle" nos últimos dez dias. "A alegação é de que o período é de entressafra, o que diminuiria a produção. A demanda também teria aumentado por causa das exportações e o crescimento do mercado interno", disse.

Fiorin informou que os aumentos no preço do álcool têm sido significativos desde abril, mas aceleraram muito nos últimos dez dias. "A expectativa é de que os valores continuem aumentando. Com isso, os postos já tiveram uma queda no movimento de cerca de 10%", disse.

As exportações e a consolidação dos veículos bicombustíveis (flex fuel) no mercado são apontados como os principais fatores para o aumento da demanda pelo álcool. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), os bicombustíveis já são responsáveis por 24% das vendas de veículos leves. De janeiro a agosto de 2004, o flex fuel correspondeu a 18,8% do mercado, ante os 3,7%, em 2003.

Segundo dados do Sincopetro e do Regran, é interessante para o consumidor utilizar o álcool quando o preço deste combustível corresponde a até 70% do preço da gasolina, já que o consumo de álcool é de 30% a 40% maior que o da gasolina. "A partir de 70%, não é mais vantajoso usar o álcool. Já estamos quase no limite", disse Campanaro. Por exemplo, com a gasolina a R$ 2, o álcool corresponderia a 70% de seu valor, custando R$ 1,40.

Margem de Lucro - O coordenador de Preços da distribuidora Esso, Moacir Bastos, afirmou que houve dois aumentos significativos no álcool por parte das usinas desde o início do mês. "Os rejustes foram de 10% a 14% no álcool e de 2% a 2,5% na gasolina. A Esso tem repassado os aumentos aos postos, mas com redução da margem de lucro", disse.

A Esso vende o litro do álcool aos postos por R$ 1,25 e da gasolina, por 1,95, em média. "Há muitas variações de preço, de posto para posto, de acordo com a região e as condições de cada um. A Esso não tem um valor fixo para venda", disse Bastos. A distribuidora não tem previsão de como os preços deverão se comportar até o final do ano. "Há tantos fatores envolvidos que não temos com calcular. A tendência para os próximos dias, contudo, é de queda", disse Bastos.

A distribuidora Ipiranga informou, por meio da assessoria de imprensa, que não comentaria o assunto. A assessoria confirmou apenas que houve aumentos significativos nos últimos dez dias em virtude dos preços particados pelos produtores (usineiros).




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