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Drama de quem viveu a explosão
Por André Vieira
Do Diário do Grande ABC
29/03/2009 | 07:01
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Se para algumas famílias o valor do prejuízo em reais ainda não pode ser estimado, para Manoel Elias Carvalho, 43 anos, a proteção de sua casa contra a força do fogo tem preço: R$ 2.500. Em 25 de janeiro, o prensista trocou o portão de madeira por um de ferro e considera que a mudança salvou o restante do imóvel de ser atingido pelo fogo.

"Foi um dinheiro que eu gastei sem ter, mas que salvou minha vida. Se ainda tivesse com o antigo, meu carro teria se incendiado e minha garagem poderia explodir", afirmou Carvalho.

Na mesma calçada, de outra garagem que era fechada por portão de madeira, só sobraram as dobradiças. Mesmo guardado e escondido atrás da chapa de ferro, o veículo Monza do prensista teve a pintura danificada e o parachoque e as lanternas traseiras derretidas pelo calor.

Quando o incêndio começou, Manoel estava no trabalho. Na casa estava sua esposa Vilma Lúcia de Souza, 37, e a filha de apenas quatro meses.

A família mora na Rua São Bernardo, que fica a 70 metros do foco do incêndio e que mesmo assim foi atingido pelo fogo que se espalhou pelo derramamento dos líquidos inflamáveis que escaparam do galpão e desciam incandescentes para outras ruas.

"Estava dormindo e escutei uma explosão. Achei que fosse alguém queimando qualquer coisa na rua, mas quando olhei para trás vi a imensa labareda e fumaça", contou Vilma. Ainda de camisola, pegou a criança e saiu de casa pulando uma coluna de meio metro de fogo na calçada. "Depois as chamas ficaram mais altas e atingiram os fios elétricos", completou.

O vizinho ao lado, o operador de usinagem José Joaquim Fernandes, 54, também escapou de casa pulando o fogo e não conseguiu voltar para salvar o carro e a moto.

"Estava na cozinha, saí de casa e deixei até o fogão aceso. Vi o líquido escorrendo pela rua e o fogo vindo atrás, não deu tempo de tirar os veículos", disse.

A moto, uma Yamaha Fazer 250, era nova. Apenas a primeira das 36 prestações de R$ 420 foi paga. "Não sei o que vai ser, mas os prejuízos precisam ser restituídos pela empresa, pela Prefeitura ou pelo Estado", acredita Fernandes.

Para socorrer a curto prazo as famílias prejudicadas, que estão abrigadas na casa de parentes e amigos, a Prefeitura de Diadema oferecerá uma bolsa-aluguel. Cada caso será estudado individualmente, assim como o valor do benefício. Depois de reavaliar os imóveis, a Defesa Civil concluiu que nenhum corre risco de desabamento.

Peritos da polícia científica também começaram sábado os trabalhos no Jardim Ruyce, coletando amostras com ajuda da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).

"De imediato posso adiantar que será um trabalho muito grande. Precisamos ter convicção como o fogo começou e se alastrou", disse o diretor do Instituto de Criminalistica Pedro Luis Vieira.




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