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Eles são a cara da UFABC
Por Paula Nunes
Do Diário do Grande ABC
26/08/2006 | 19:37
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Fenomenologia das partículas elementares. Química quântica. Células a combustível. Holografia eletrônica. Se você não entendeu nada, pergunte aos professores da UFABC (Universidade Federal do ABC), pois esses são apenas alguns dos campos de estudo pesquisados por eles. E não se espante quando, em vez de encontrar um cientista de óculos e suspensórios, der de frente com balzaquianos com estilo jovem e descolado, todos doutores.

Eles especializaram-se em assuntos que fazem parte do cotidiano das pessoas, mas que, provavelmente, passam despercebidos para a imensa maioria. São físicos, químicos, matemáticos, filósofos, cientistas sociais e biólogos dispostos a mudar o rumo do ensino superior no país. E, ao invés de técnicos ou bacharéis, querem formar cidadãos, pessoas capazes de questionar e aprender, sempre.

“Uma pessoa que consegue se reciclar, absorver novas idéias, ir atrás de informações, é o mais importante. É isso que o aluno tem de buscar. Quem sair da universidade com isso, vai ser bem-sucedido”, assegura o professor Daniel Zanetti de Florio, 37. Para ele, o fato de os professores selecionados para o quadro acadêmico da universidade serem jovens, só ajuda no processo em que estão envolvidos de criar uma nova maneira de ensinar os estudantes. “Estamos trabalhando sem amarras, não existe uma estrutura cristalizada como nas universidades mais antigas”, explica.

Físico por formação, Florio se especializou em “dispositivos que geram energia limpa e sustentáveis do ponto de vista ambiental”. Trocando em miúdos, sua busca é encontrar maneiras de substituir as atuais fontes de energia por outras como hidrogênio, luz solar e resíduos alimentícios. “Em algum momento elas tomarão o lugar das atuais fontes energéticas”, vislumbra o pesquisador.

Concretizando o desejo de adolescente, Paula Homem de Mello, 30, virou professora. A química procura no mundo microscópico das moléculas criar novos materiais e ingressa na universidade para ensinar aos futuros alunos como é o trabalho de um cientista. “Todo mundo faz perguntas, na busca pelas respostas possíveis está a ciência”, simplifica. O maior desafio desse trabalho, acredita a docente, é desenvolver esse método multidisciplinar que a encantou quando decidiu prestar o concurso público para dar aulas na UFABC. “É uma proposta revolucionária, mas um pouco difícil, pois fomos formados com base disciplinar”, pondera.

Seu marido também é professor na instituição e formou-se em química com Mello. Ensinar, para Hugo Barbosa Suffredini, 34, é parte complementar da sua sede de conhecimento. “Sempre fui curioso”, afirma. O apoio à pesquisa, uma das características da universidade, foi o fator que conquistou o químico.

Outra fera que faz parte do seleto grupo de docentes da UFABC é Alex Gomes Dias. Sua área de atuação é a física quântica e eletromagnetismo. Dias procura conseguir unificar as principais teorias da física experimental, um desejo complexo que implicaria em muitas linhas para explicá-lo. Como professor sua proposta é conseguir que o estudante saia da universidade “sabendo o que está acontecendo em sua área e disposto a aceitar que as coisas de renovam com uma facilidade muito grande e que educação é um processo continuado”.

“A ciência, por si só, é uma aventura e quando o aluno entende isso vem o brilho nos olhos, algo viciante para um professor”, enfatiza Gélio Mendes Ferreira, 37, estudioso dedicado às redes óticas e telecomunicações. “Sinto-me privilegiado por estar na UFABC”, garante. Não menos orgulhoso está o pró-reitor de Pós-Graduação da instituição, Armando Milioni. “É a primeira universidade do Brasil a ter em seu corpo docente 100% dos professores doutores e com uma média de idade de 36 anos, o que significa profissionais que ficarão pelo menos 30 anos na UFABC.”




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