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Breves reflexões sobre mobilidade urbana

Estudo recente da ONU indica que a taxa de urbanização...

Por Cristina Baddini
02/11/2012 | 00:00
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Estudo recente da ONU (Organização das Nações Unidas) indica que a taxa de urbanização no Brasil e nos países do cone Sul chegará a 90% até 2020. No México o número atual está perto de 85%. O Caribe e a América Central têm taxas de urbanização mais baixas, mas o aumento é constante, com perspectiva de chegar a 83% e 75% da população urbana em 2050, respectivamente.

Se em 1950 a América Latina tinha 320 cidades com pelo menos 20 mil habitantes, meio século depois o número passou para 2.000. As metrópoles (com mais de 5 milhões de habitantes), que não existiam na América Latina e no Caribe em 1950, hoje somam oito na região: Cidade do México, São Paulo, Buenos Aires, Rio de Janeiro, Lima, Bogotá, Santiago e Belo Horizonte. O incremento demográfico exponencial nessas metrópoles trouxe grandes desafios na área de mobilidade urbana.

NO BRASIL

Com o aumento da renda média e do crédito da população, além de incentivos fiscais, como redução de IPI, a frota de automóveis no Brasil só tende a aumentar - e mais rápido do que qualquer prefeito consegue construir ruas e avenidas. Inicialmente, o que todos propõem é abrir outras ruas e avenidas. Claro que é importante fazer obras viárias, mas não se resolve o problema de mobilidade urbana só com elas. A alternativa mais viável é priorizar o transporte público.

Os futuros prefeitos têm de ter planejamento que leve em conta a demanda de transporte. Por faixa de ônibus à direita da via podem passar 8.000 pessoas por hora - mesma capacidade de três faixas de automóveis. Já um corredor exclusivo, como um BRT, leva até 16 mil passageiros em uma hora. O metrô, apesar de ser várias vezes mais caro do que os outros, suporta demandas até 60 mil passageiros por hora.

Algumas outras medidas podem ser viabilizadas para estimular o uso do transporte público e desestimular o uso do privado, como também é importante a adoção de políticas de incentivo ao uso de modos ativos de transporte, tornando as viagens não motorizadas atrativas, seguras e confortáveis. Também a de serem incentivados aos modos alternativos de mobilidade sistemas de integração modal com o transporte coletivo. 

SUSTENTABILIDADE URBANA

Não devemos esquecer que devem ser desenvolvidos processos de recuperação dos espaços públicos nos bairros para atividades sociais, culturais, recreacionais e econômica. Deve-se preocupar também a redução da velocidade dos veículos e do volume desses em circulação, através da implantação de recursos para acalmar de trânsito. Os próximos prefeitos devem pensar em implantar sistemas de bicicletas públicas e condominiais.

A adoção de política de estacionamentos que viabilize maior atratividade às viagens por modos não motorizados, preservando as áreas verdes da cidade e a qualidade das áreas de habitação, não deve ser esquecida. Além da utilização das técnicas de desenho universal nos programas e projetos, potencializando a busca de maior coesão, equidade social e de apoio ao aumento de acessibilidade e mobilidade urbanas. 

É fundamental implantar programas e políticas públicas especialmente voltadas às viagens residência-escola, reduzindo a dependência automobilística nas viagens diárias dos estudantes para os colégios, sobre a ótica da sustentabilidade urbana.

As novas equipes municipais devem desenvolver guias de transporte público, com informações concisas para os trajetos a pé, bicicletas e transporte público, assim como dos recursos e serviços disponibilizados a cada um dos modos enfocados e pensar em implantar programas de incentivo a viagens de carona programada nos sites das prefeituras.

Os próximos prefeitos terão desafio adicional. Em janeiro de 2012, o governo federal sancionou a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587), que cobra os municípios de organizarem os transportes, serviços e infraestruturas para garantir a qualidade do deslocamento de pessoas e cargas. As cidades que não tiverem criado um plano até janeiro de 2015 ficarão impedidas de receber recursos orçamentários federais destinados à mobilidade urbana.




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