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ONG socorre vítimas de câncer e seus familiares
Verônica Fraidenraich
Do Diário do Grande ABC
07/08/2005 | 09:03
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Era época de Natal quando o segurança de eventos Robson Lopes, 34 anos, visitou a Abrapec (Associação Brasileira de Assistência a Pessoas com Câncer) pela primeira vez, no ano passado. Ele procurava remédios para a mulher que havia acabado de descobrir cinco nódulos no cérebro, após longo tratamento de câncer na coxa e na pélvis. No dia seguinte, uma assistente social da ONG (Organização Não-Governamental) foi a sua casa, para avaliar a situação financeira da família, como é rotina. “Estava chovendo e era véspera de Natal, dia 24. Ela já chegou com os remédios na mão. Achei que iam demorar muito mais” lembra Lopes. A partir de então, Robson passou a freqüentar a associação em Santo André. Não só para pegar remédios, mas para receber atendimento psicológico gratuito.

“Eu não dormia e achava isso normal porque minha mulher estava mal. Quando conversei com a psicóloga, soube que estava com depressão”, conta. A mulher de Robson morreu dois meses depois, mas, até hoje o segurança recebe atendimento no local. “Deu para colocar a cabeça no lugar, porque foi barra”, afirma Lopes que há uma semana perdeu também o irmão, vítima de câncer. A empatia com o lugar levou o segurança a se tornar também voluntário da ONG, ajudando diariamente na recepção e em outros serviços.

A gerente operacional da Abrapec na região, Teresa Lapaz Baldo Riso, diz que a associação tem como objetivo suprir as necessidades básicas da pessoa que tem câncer. Além de medicamentos, são oferecidas cestas básicas e atendimentos psicológico e jurídico. Hoje, 197 pessoas maiores de 18 anos são atendidas pela ONG, que conta com uma equipe de voluntários advogados, farmacêuticos, funcionários de limpeza, nutricionistas, artistas plásticos, praticantes de reiki e reflexologia, uma religiosa e um terapeuta ocupacional.

“Nossa maior preocupação é tirar o paciente e a família da angústia, porque ao descobrir o câncer eles só vêem a morte diante de si”, explica Teresa. Ela diz que o paciente tem dificuldade até de pronunciar a palavra câncer e diz que a participação do paciente e familiares em palestras e terapias em grupo são muito importantes nesse momento. “Eles chegam com o semblante triste, abatido e, aos poucos, é possível perceber a difeernça, eles saem daqui fortalecidos”, completa a gerente operacional.

Doações – A Abrapec existe há dois anos em Santo André e neste sábado festejou um mês na nova sede na Vila América. A matriz da ONG fica em São Paulo, na Barra Funda, e existem outras oito unidades espalhadas pelo país. Sustentada por doações, Teresa diz que a sede em Santo André está no vermelho. Ela afirma que muita gente tem receio de contribuir por não conhecer o trabalho da ONG. Por esse motivo, sempre convida as pessoas para conhecerem o local.

“Também estamos precisando de uma kombi ou van para transportar os pacientes quando preciso.” Teresa lembra que a Abrapec não tem parceria com nenhuma outra ONG. “Tem gente usando nosso nome para pedir doações”, afirma, reforçando que o mensageiro deve se identificar ao retirar a doação, além de apresentar recibo comprovando o recebimento do dinheiro.

Pulmão – O ex-metalúrgico Álvaro Gama, 42 anos, de Mauá, foi parar na Abrapec depois de ter sido operado de câncer no pulmão no início deste ano. Fumante a ponto de consumir dois maços de cigarro por dia, Álvaro teve que retirar um pulmão e após a cirurgia não encontrava todos os remédios necessários, principalmente os que aliviam a dor.

Para doar – Doações de qualquer quantia podem ser feitas pelo telefone 2191-8000 ou por meio de depósito na Caixa Econômica Federal, agência 2075, operadora 003, conta corrente 42-5. A instituição também recebe roupas e calçados em bom estado e alimentos não-perecíveis. A Abrapec fica na rua 24 de Maio, 32, Vila América, Santo André. Atendimento de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 17h.




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