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Benjamin Steinbruch se prepara para virar político
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08/06/2018 | 07:16
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Cotado para ser candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PDT), o empresário Benjamin Steinbruch, presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), foi mordido pela "mosca azul" e está se articulando para assumir um cargo público. Se não dividir a chapa com Ciro, Steinbruch disse a interlocutores que está preparado para ser ministro e criar uma agenda política industrial. Ele não descarta, até mesmo, ser suplente de senador.

Nesta semana, o empresário mandou uma carta para a Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) se desvinculando do cargo de vice-presidente da entidade. Steinbruch já não aparecia na Fiesp desde o início do ano - suas relações com Paulo Skaf, também afastado do comando da entidade para concorrer ao governo de São Paulo pelo MDB, azedaram quando Steinbruch se filiou ao PP. Fontes próximas a eles disseram que Skaf foi pego de surpresa e não gostou da postura do empresário.

Steinbruch é próximo a Ciro Nogueira, presidente do PP, e amigo do ex-ministro. Ciro Gomes e seu irmão Cid têm relação de longa data com a família Steinbruch, que fundou, nos anos 1960, o grupo Vicunha, uma das maiores companhias têxteis do País. O empresário foi sócio ainda da Vale, depois de ter vencido uma disputa com outros grupos nos anos 1990, e é dono de um conglomerado que inclui o banco Fibra, a CSN, uma das maiores siderúrgicas do País, mineradora e cimenteira.

'Polonetas'

O grupo Vicunha foi criado nos anos 1960 pelos irmãos Mendel (pai de Benjamin, Ricardo e Elisabeth), que faleceu em 1993, e Eliezer (pai de Clarice e Léo, primos do empresário). Os Steinbruch foram sócios do empresário Jacks Rabinovich, que se desfez de sua participação em 2005.

Mendel Steinbruch e Jacks Rabinovich, donos da Vicunha, também foram sócios da trading Comexport. Essa comercializadora teve seu nome envolvido no chamado "escândalo das polonetas", segundo reportagem publicada em 1983 pelo jornal O Estado de S. Paulo e que denunciou uma fraude envolvendo a trading com notas promissórias da Polônia, àquela época principal parceiro comercial do Brasil no Leste Europeu.

A Comexport teve apoio do governo brasileiro no fim dos anos 1970 para negociar commodities e teria se beneficiado financeiramente. A empresa negou quaisquer irregularidades à época e a defesa dos empresários disseram à reportagem que eles eram apenas acionistas e não estavam envolvidos em ilegalidades.

Transnordestina

Ciro Gomes foi o braço direito de Steinbruch por quase dois anos na CSN e deixou a companhia em maio de 2016 para se dedicar à política. Enquanto esteve por lá, Ciro Gomes teve a incumbência de colocar o projeto da ferrovia Transnordestina em pé por ter bom trânsito em Brasília. A ferrovia chegou a atrair investidores, mas não houve avanço. Também de opinião forte, Ciro Gomes era um dos poucos executivos com quem Steinbruch não brigava, segundo uma fonte a par do assunto.

Agora, Steinbruch é uma das apostas do presidenciável do PDT, que diz estar em busca de empresário com discurso desenvolvimentista para angariar votos no Sul e Sudeste. Josué Gomes, dono da Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar, chegou a ser sondado. Como informou o blog da Coluna do Estadão, Josué, filiado ao PR,também saiu da Fiesp.

No comando da CSN, Steinbruch é considerado centralizador e autoritário. Entre 2013 e 2017, cerca de 40 executivos de alto escalão deixaram a companhia. Entre eles, Paulo Caffarelli (hoje presidente do Banco do Brasil), contratado em 2015 para renegociar as dívidas da siderúrgica (que somaram quase R$ 30 bilhões no primeiro trimestre) e vender negócios não estratégicos. Sob a gestão de Caffarelli, a CSN conseguiu alongar dívidas de curto prazo, mas Caffarelli não conseguiu convencer o empresário a vender negócios para levantar recursos para a empresa. Executivos de mercado ouvidos pelo Estado disseram que o empresário não desapega de nada e desiste na última hora de se desfazer de empresas.

Sucessão

Pessoas próximas ao empresário afirmam que Steinbruch poderá buscar um executivo de mercado, caso suas pretensões políticas decolem. Sua filha mais velha, Vitória, de 24 anos, já está acompanhando o dia a dia da empresa, mas ainda não está madura o suficiente para ficar à frente de uma das maiores siderúrgicas do País. Com quatro filhos, o empresário, de 64 anos, também preside o Jockey Club de São Paulo desde o ano passado.

Desde o início deste ano, a família de Steinbruch está envolvida em uma disputa societária. Benjamin, com o apoio de seus dois irmãos, destituiu os primos do bloco de controle da Vicunha Steel S/A, controladora indireta da CSN, porque não estaria mais disposto a reconhecer o acordo de acionistas do grupo, que está em vigor desde 1994 e foi criado pelos fundadores do grupo - Mendel e Eliezer Steinbruch. Os primos querem sair do grupo e pedem na Justiça a venda de todos os negócios dentro e fora do País.

Com fama de brigão, Steinbruch acumula desafetos ao longo dos últimos anos. Agora vai ter de adotar discurso conciliador para angariar o apoio dos empresários. Steinbruch não tem um perfil de político que concorra para ganhar no corpo a corpo. Não teria o apoio de boa parte de seus 20 mil funcionários. No ano passado, cortou o tradicional peru de Natal, alegando que a empresa passava por uma crise. O sindicato teve de intervir na questão. O empresário voltou atrás e deu um vale-alimentação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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