Política Titulo Atila Jacomussi
‘Encontramos um município de joelhos’
Por Júnior Carvalho
Diário do Grande ABC
07/08/2017 | 07:00
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Roberto Mourão/PMM/Divulgação


Responsável por interromper série de vitórias do PT de Mauá no pleito de 2016, o prefeito Atila Jacomussi (PSB) reclamou das heranças financeira e administrativa deixadas pelo antecessor, Donisete Braga (PT). “Encontramos uma cidade abandonada e de joelhos no que se refere ao funcionamento dos equipamentos públicos. O pior de tudo foi perceber que a população estava desanimada com tudo o que estava acontecendo”, criticou o socialista, em entrevista ao Diário.

Como solução dos problemas que encontrou no Paço, Atila cita como principais ações nesses primeiros seis meses de governo o contigenciamento de 30% Orçamento e a redução de cargos comissionados, com a reforma administrativa. “Também queremos diminuir em 40% os gastos com aluguéis de prédios em que funcionam equipamentos públicos”. Na área da Saúde, o socialista projeta a reabertura do pronto-socorro do Hospital Doutor Radamés Nardini em dezembro. No setor de mobilidade, o prefeito contabiliza reformas de dois terminais de ônibus (Centro e Itapeva) e prevê entregar melhorias na estação do Jardim Guapituba até o final do ano e o fechamento do terminal do Jardim Zaíra.

No campo político, Atila evitou falar sobre eleições de 2018, mas internamente tenta angariar apoio unânime para eleger o pai, Admir Jacomussi (PRP), hoje presidente da Câmara, deputado estadual.

O sr. assumiu o Paço de Mauá após oito anos ininterruptos de gestões do PT. Como o sr. encontrou a casa?

Encontramos uma cidade abandonada e de joelhos no que se refere ao funcionamento dos equipamentos públicos. O pior de tudo foi perceber que a população estava desanimada com tudo o que estava acontecendo. Assumimos a Prefeitura com R$ 300 milhões de restos a pagar e uma dívida global de R$ 1 bilhão. Você entrar no governo com um terço do Orçamento prejudicado, não é missão fácil para qualquer um.

O que já foi pago desse valor herdado?

Desse total, já pagamos R$ 120 milhões. O restante está sendo negociado paulatinamente com os fornecedores para que os serviços não parem, para que não aconteça o que aconteceu em outras cidades que foram administrada por petistas, como em Santo André, onde apesar de todo o esforço, ele (prefeito Paulo Serra, PSDB) teve que fechar equipamentos públicos para sanar as dívidas.

O que foi feito de concreto para lidar com esse cenário?

Fizemos contingenciamento (de 30% do Orçamento), implementamos a reforma administrativa, com o corte de cargos, fizemos o reenquadramento de contratos. Também diminuímos em 25% o custo com aluguel e queremos chegar a 40% de redução. Conseguimos economizar sem atrapalhar os serviços essenciais. Pelo contrário, ampliamos, como o Pintou Limpeza, que é o melhor serviço de zeladoria do Estado. Estamos enxugando os gastos e otimizando os serviços. Enxugar é gerenciar melhor a receita. O que havia no governo do PT era desperdício.

O que mais chamou atenção nesse desperdício?

O que mais chamou atenção foi o valor que a Prefeitura gastava com aluguéis. Um exemplo é o (gasto com aluguel do) shopping Green Plaza, no Centro. A Prefeitura está rompendo o que era pago um valor altíssimo de aluguel, sem critérios nenhum, com contratos superfaturados. O que existia era a falta de acompanhamento (dos gastos) e a falta de amor pela cidade. Não existia fiscalização da execução dos contratos, que trazia uma má qualidade e o desperdício.

Já está sendo possível colocar seu plano de governo em prática?

Na Saúde, por exemplo, já começamos a dar a cara do nosso plano de governo. Zeramos a fila de mulheres que aguardavam por exames de mamografia. Fomos a primeira cidade do Grande ABC a realizar mutirão, instalamos o PAI (Pronto de Atendimento Infantil). Mostramos que, com equilíbrio financeiro, conseguimos manter as quatro UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) abertas simultaneamente.

E o que o sr. projeta para os próximos meses?

Estamos prestes a entregar o pronto-socorro do Hospital (Doutor Radamés) Nardini, que será o segundo maior da região. Vamos entregar em dezembro, no aniversário da cidade. Até abril do ano que vem vamos abrir o centro de referência de combate ao câncer de mama e colo do útero. Nós queremos fazer uma revisão contratual para que a Santa Casa possa atender mais pessoas na questão da otimização de partos. Também estamos planejando para o futuro a gente ter o primeiro poupatempo da Saúde, que seria todo o setor integrado num único sistema. Seria o primeiro da região.

O sr. enfrentou a troca de alguns secretários neste primeiro semestre. Isso atrapalhou de alguma forma?

De maneira nenhuma. No caso da Segurança, por exemplo (indicado para a função, Sargento Simões não assumiu o posto), nós tivemos a melhor avaliação. A própria Secretaria Estadual de Segurança Pública nos colocou como a cidade que mais diminuiu o índice de criminalidade na região, entre todas do Grande ABC. Conseguimos entregar novas motocicletas para ampliar a ronda escolar na cidade, diminuímos os pequenos furtos e eliminamos os pancadões. Não é para qualquer um.

O que o sr. destaca na área da Educação?

Posso dizer que nos próximos dois anos, a única cidade que vai entregar equipamentos da Educação é Mauá. Vamos entregar 700 novas vagas, duas novas creches, sendo uma no Jardim Araguaia e outra no Jardim Campo Verde. Vamos entregar o Fiec (Fábrica Integrada Educacional e Cultural), onde teremos creche, escola, parque aquático, centro esportivo, área de lazer, centro de formação de artes marciais e salas de ginástica. Vamos abrir a primeira etapa em dezembro e a segunda em março, no Parque das Américas.

Como o sr. pretende solucionar a dívida da Sama com a Sabesp? Ainda cogita revogar a PPP?

Tenho um compromisso moral com a cidade. Mauá não vai ter um respingo da Lava Jato. A antiga Odebrecht Ambiental, hoje BRK Ambiental, acabou vencendo a PPP, mas está sob suspeita de conluio e de (ter recebido) informações privilegiadas por parte de pessoas que integravam o governo. Tudo isso está sendo investigado. Diante disso, vamos revogar e colocar todos os atores na mesa e preparar um novo modelo. Aí quero sentar com a BRK, com outras empresas que vierem a ser interessadas (em assumir o abastecimento), inclusive com a Sabesp.

O que já foi feito na área de Mobilidade Urbana?

Foram reformados dois terminais, o central e o do Itapeva. Estamos com previsão de início da reforma do Terminal do Jardim Guapituba em novembro e entrega em dezembro. Também lançamos as linhas inteligentes, que é o Expresso Mauá. Devemos ter mais duas linhas até o fim desse ano. Serão 14 linhas no final. E a grande notícia é que em setembro teremos o primeiro sistema integrado de transporte que vamos fazer num bairro de grande porte, que o Jardim Zaíra. Vamos retirar aquele terminal da Avenida Castelo Branco e vamos implementar o sistema rotativo de transporte. Temos um grande problema naquela área de mobilidade, por conta do trânsito e dos acidentes. Ali é uma área baixa, que fica prejudicada com as chuvas. Não vai haver mais baldeação. Com isso, vamos ganhar 30 minutos por viagem. Hoje, além de o usuário esperar o ônibus no ponto, precisa aguardar um período de 20 a 30 minutos de baldeação.

Como estão as tratativas para a eleição de 2018? O sr. pretende eleger seu pai, o presidente da Câmara Admir Jacomussi (PRP), como deputado estadual...

Estamos em ano ímpar e eleição ocorre só em ano par. Isso tem que ser discutido só lá na frente, com a base aliada e com o nosso grupo político. O foco agora é nossa administração.




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