De olho no transito Titulo
O horror do mototáxi

A Constituição Federal tratou o transporte coletivo de passageiros como um serviço essencial. A exploração dos serviços de transportes por mototáxi

Cristina Baddini
07/08/2009 | 00:00
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A Constituição Federal tratou o transporte coletivo de passageiros como um serviço essencial. A exploração dos serviços de transportes por mototáxi, ainda que dependente de regulamentação municipal, cria um poderoso estímulo para uma oferta insegura e onerosa para a sociedade.
A motocicleta traz, intrinsecamente, um potencial de risco para seus ocupantes. Nas motos, o comportamento dos acompanhantes interfere diretamente nas condições de condução, exigindo destreza, coordenação e harmonia de movimentos entre o condutor e o garupa, condição impossível de ser garantida no transporte público, disponível para qualquer cidadão.
A grande desvantagem da viagem de moto é a insegurança, uma vez que o risco de acidentes com vítimas graves e fatais é cinco vezes superior ao de quem usa automóvel. Também há uma grande diferença entre o usuário que opta pela condução individual consciente dos riscos que a moto apresenta e a cumplicidade de permitir esta condição a terceiros, sob a falsa ilusão de garantir segurança. Na maioria dos acidentes de moto com dois ocupantes, o garupa é a vítima mais prejudicada.

Mototáxi e o Grande ABC
A maioria das cidades do Grande ABC não tem projeto para a implantação do mototáxi, o que é muito bom. Trata-se de um retrocesso estimular um tipo de viagem individual, em detrimento das viagens em coletivos. Também é importante ressaltar os pesados gastos no sistema público de Saúde devido aos acidentes envolvendo motociclistas. O poder público também responde solidariamente pela segurança dos usuários. Ações judiciais poderão ser movidas contra as prefeituras e autoridades que legalizarem os serviços.

Desobediência às regras
As motos em geral não respeitam regras básicas para ultrapassagem, cometendo imprudências em sinal fechado e avançando nas faixas de pedestres. Pelo fato de os motociclistas trafegarem nos corredores, ou seja, entre carros, estes condutores e principalmente os garupas ficam mais expostos quando há choque entre veículos porque não têm como se estabilizar. A não ser que o garupa grude no motociclista, o que é um fato muito constrangedor.
Não se descarta que esse meio de transporte seja importante para pessoas de menor renda; o problema, no entanto, é que estas mesmas pessoas serão as maiores vítimas. Haverá mais acidentes, mais mortes e mais poluição. É assim a cidade que queremos?

Responsabilização
Imagino que a indústria do setor também deva ser questionada sobre seu papel na mobilidade sustentável urbana já que vive o bônus do aumento de vendas contra o ônus para o poder público e para a sociedade, com as externalidades negativas do uso da moto como táxi. Ou o setor parte para uma prática socialmente sustentável e enxerga o problema ou vai começar a receber ações judiciais que poderão ser movidas contra os fabricantes de moto.
Espero que o retrocesso do mototáxi passe longe da Região Metropolitana de São Paulo, pois preferimos uma política pública de segurança no trânsito e um bom serviço de transporte coletivo urbano.
Você trocaria a sua segurança pela rapidez aceitando com normalidade os riscos de viajar em um mototáxi?




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