Política Titulo Estatística de reeleições
Pleito marca explosão de quedas na disputa da reeleição

Até 2012, só três prefeitos haviam sido rejeitados nas urnas; em outubro, quatro foram substituídos

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
27/11/2016 | 07:00
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Marina Brandão 28/10/16


O mecanismo da reeleição perdeu força política, pelo menos no que refere-se ao Grande ABC. O pleito de outubro marcou explosão de quedas na disputa pela renovação de mandato – instituto criado em 1997 –, que superou toda a série histórica. Até o páreo de 2012, eram apenas três registros de derrota nas urnas nessas condições, com rejeição a candidaturas de prefeitos. Somente no último processo eleitoral, por outro lado, foram quatro reveses, sendo duas do PT (Santo André, com Carlos Grana, e Mauá, de Donisete Braga) e outras duas do PMDB (São Caetano, com Paulo Pinheiro, e Ribeirão Pires, de Saulo Benevides).

O cenário anterior mostrava-se diferente. Na totalidade, foram 15 vitórias neste panorama (veja lista abaixo). Até 2012, Gilson Menezes, em Diadema, era o único a perder a concorrência pela reeleição. O resultado foi em 2000, quando o então prefeito do PSB, embora em seu segundo mandato, não alcançou sequer o segundo turno do pleito. Na eleição de quatro anos atrás, o número subiu de um para três casos, com os fracassos de Aidan Ravin, em Santo André, então no PTB e hoje no PSB, e Mário Reali (PT), em Diadema, que evitou entrar na briga.

Duas derrotas de nomes que buscavam a reeleição na região, curiosamente, foram registradas por ex-aliados contra o petismo, no caso de Paulo Serra (PSDB), secretário de Obras na gestão Grana por dois anos e sete meses, e Atila Jacomussi (PSB), que assumiu a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) logo no início do governo Donisete, deixando a autarquia para ser candidato a deputado estadual em 2014. Ambos foram para o segundo turno do pleito, enfrentando os atuais detentores do cargo e conseguiram diminuir a influência do PT no Grande ABC, berço político da sigla.

Diante do saldo atual, Santo André protagoniza o segundo revés consecutivo. O eleitorado de São Caetano e Ribeirão Pires viu pela primeira vez a situação acontecer na cidade. Em Mauá, somente Oswaldo Dias (PT) obteve êxito neste sentido. Em contrapartida, no pleito de 2012, o petista tinha direito a disputar a reeleição, mas, desgastado, foi substituído por Donisete como postulante petista. Os prefeitos de Rio Grande da Serra e São Bernardo, por sua vez, tiveram sucessos em todas as empreitadas de renovação do cargo: três no total. A peculiaridade no solo são-bernardense é que o trio (Mauricio Soares, William Dib e Luiz Marinho) venceu no primeiro turno do processo.

Professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a cientista política Jacqueline Quaresemin considerou que dois fatores devem ter pesado para o declínio: político e econômico. “Desencantamento de modo geral afetou quem estava no poder. Como voto é obrigatório, as pessoas acabaram optando pela mudança. É importante que se tenha relação transparente e haja gestão mais democrática. Provavelmente ocorreu erro na estratégia de comunicação. Precisa comunicar (a situação). Isso faz com que a comunidade (eleitorado) se solidarize e entenda as dificuldades dos governos.”

Em 2020, Paulo Serra, Orlando Morando, José Auricchio Júnior – trio do PSDB –, Atila Jacomussi e Adler Kiko Teixeira – ambos do PSB – podem ser os últimos políticos da região a tentar reverter o quadro, uma vez que há forte debate em Brasília para derrubar o instituto.
(Colaborou Júnior Carvalho) 




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