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Colecionadores de LPs resistem às novidades
Por Mario Gioia
Da Redaçao
07/08/1999 | 16:25
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Vitrola, 3 em 1 e vinil podem ser palavras esquecidas no vocabulário de fas de CDs, DVDs e MP3, mas as antigas bolachas ainda têm um cla de adeptos no Grande ABC. Usando uma rede de informantes - que nao é a Internet, mas sim o boca a boca dos colecionadores -, os amantes dos LPs chegam a fazer negociaçoes duvidosas para adquirirem uma raridade ou passam grande parte do tempo livre abrindo encartes duplos e ouvindo músicas com o tradicional chiado.

O comerciante Carlos Szabo, 43 anos, dono de uma videolocadora no Parque das Naçoes, em Santo André, gastou boa parte de suas economias e ainda reserva parte de seu orçamento para comprar LPs. "É um vício, é quase uma doença, você gasta o que tem e o que nao tem. Deixei de comprar coisas necessárias pelo prazer de ter mais um long-play na coleçao", disse.

Szabo nao gosta de mostrar as principais relíquias de seu acervo espalhado em um sobrado do bairro, e disse nao saber precisamente quantos LPs conseguiu comprar. "Acho que sao mais de 2 mil, mas nao tenho certeza", falou, subestimando o acervo que chegou a 10 mil unidades. A coleçao nao está completamente organizada, e se divide entre o porao - a parte menos valiosa - e o sótao, onde raridades estao escondidas em meio ao pó.

O alvo das investidas de Szabo é um conjunto de grupos de hard rock do final dos anos 60 até o fim da década seguinte. O primeiro LP é do nem tao esquecido Blue Cheer, de 1968. Um dos últimos é de uma banda inglesa chamada Dirty Tricks, de 1977. No meio do trajeto, passam nomes desconhecidos ou ignorados como Budgie, Captain Beyond, Dust e Pink Fairies. Símbolos do rock têm coleçoes diferenciadas, com ediçoes piratas, ao vivo e singles, como Black Sabbath, Led Zeppelin e Jimi Hendrix.

Público restrito - O comerciante Jean Lazari Gantinis, 39 anos, dono de uma loja de CDs em Santo André, confirma o público restrito dos discos de vinil, mas também faz parte da tribo dos colecionadores. "Nao adianta, quando você quer alguma coisa especial acaba procurando quem coleciona, que também faz parte do seu círculo de amizades, já que esse tipo de som nao é muito conhecido", contou Jean, dono de aproximadamente mil LPs.

Os novos objetos de desejo de Szabo e Gantinis sao os LPs de 18 mm, mais pesados - cerca de 200 g, o dobro do normal -, que têm maior qualidade de som, mas sao importados dos Estados Unidos e podem chegar a custar R$ 200. Entre as aquisiçoes mais recentes, Szabo ainda nao tinha rompido o lacre de um vinil do MC5 e de outro dos Stooges, primeira banda de Iggy Pop. "Foram amigos que viajaram e me trouxeram", disse ele, com um sorriso de satisfaçao ao manusear o LP.




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