Especialistas alertam que postulantes correm risco de aversão em ambiente sem interação política
Às vésperas do início da propaganda eleitoral, candidatos a prefeito e vereador do Grande ABC têm cada vez mais recorrido às mídias sociais para promover imagem e buscar vantagem para o pleito de outubro. A tática, porém, é alertada por especialistas como arriscada, podendo trazer prejuízos na disputa se utilizada de forma equivocada.
Depois da onda da divulgação de imagens e da exploração de mensagens de texto instantâneas por meio do aplicativo WhatsApp, a nova tendência dos políticos tem sido a reprodução de vídeos e transmissões em tempo real pelo Facebook.
Professor de marketing político da Universidade Mackenzie, Adolpho Queiroz frisou que o novo mote tem tudo para ser rejeitado por internautas que não têm vínculo ou interesse com projetos políticos. “O que se vê é que o desespero está tomando conta de candidatos em aparecer a qualquer custo e ficar admirando o número de curtidas e visualizações em suas páginas. Na verdade, estão perdendo tempo porque não fazem vídeos ou propagandas atrativas. Uma pessoa comum, sem interesses, assiste a uma produção a partir de elementos, como edição e trilha sonora. Já há rejeição para a política e um vídeo simples do candidato falando que resolve os problemas (se for eleito) vira descarte fácil, com chance de virar algo negativo para a sua imagem”.
Uma das mudanças na legislação eleitoral imposta pela reforma política foi a redução no tempo de campanha, de 90 para 45 dias. Na prática, a alteração regulamentou a chamada pré-campanha. Foi nessa época que, ainda proibidos de pedirem votos e divulgarem os números das candidaturas, candidatos e seus apoiadores usaram o Facebook para propagar seus projetos eleitorais.
Na região, os pleiteantes à Prefeitura de São Bernardo, os deputados estadual Orlando Morando (PSDB) e federal Alex Manente (PPS), além dos prefeituráveis tucanos ao Paço de Santo André, Paulinho Serra, e de São Caetano, José Auricchio Júnior, são os que mais utilizam a ferramenta. “A presença física ainda é um elemento de condição de se analisar na conquista do voto. Caso o candidato veja uma selfie sua sendo divulgada após uma atividade, pode ter certeza que a ação foi eficaz”, adicionou Queiroz.
“Tem de usar as redes de forma muito estratégica e natural. É necessário divulgar suas propostas a partir da sua rede de amigos. Senão, vai ter um efeito negativo, como os telemarketings, que acabam invadindo o espaço do consumidor (quando impõem uma propaganda)”, defendeu o professor da Universidade Metodista Kleber Carrilho, especialista em marketing político e eleitoral. Para Carrilho, outro fator que pode ser um tiro no pé é o oportunismo eleitoral. “As pessoas sabem quem são os candidatos que nunca apareceram nas redes sociais e agora tentam se promover. O eleitor entende que é o mesmo comportamento daquele candidato que nunca visitou uma comunidade e, nas eleições, aparece”, comentou. (Colaborou Júnior Carvalho)
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