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Pesquisadora do Grande ABC integra equipe que analisou água atingida pela tragédia de Mariana
Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
02/02/2016 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC:


A bióloga especialista em recursos hídricos e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Ângela Marcondes participou de expedição pela bacia do Rio Doce para analisar a qualidade da água impactada pelo rompimento de barragem da mineradora Samarco em Mariana (Minas Gerais), que ocorreu em novembro. A ação foi coordenada pela Fundação SOS Mata Atlântica, que há 16 anos tem parceria com a USCS.

“Essa parceria é fundamental para que a gente avance em tecnologias socioambientais e aumenta a credibilidade do nosso trabalho, na medida que temos os professores e pesquisadores trabalhando conosco”, falou a coordenadora da rede das águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, completando que as medidas de reparação do dano terão de ser integradas e com planejamento de curto, médio e longo prazos, que pode chegar até 40 anos.

A expedição foi realizada entre os dias 6 e 12 de dezembro e percorreu 650 quilômetros. Foram analisados 18 pontos e 16 apresentaram o IQA (Índice de Qualidade da Água) péssimo; dois obtiveram índice regular. A avaliação do IQA inclui níveis de oxigênio, demanda bioquímica de oxigênio, nitrato, coliformes, fosfato, pH, temperatura, turbidez, odor, cor e presença de peixes, larvas brancas e vermelhas. Todos em níveis muito acima dos preconizados na legislação.

A professora Marta acompanhou um fim de semana da expedição, por conta dos compromissos acadêmicos do fim do ano letivo. O que encontrou, segundo ela, a deixou em choque. “Chorei várias vezes. O que me deixa muito preocupada são as pessoas que tinham sua vida ali. A história delas acabou. Não tem dinheiro que pague”, lamenta.

O estudo aponta que a turbidez e o total de sólidos em suspensão variaram de 5.150 NTU (Nephelometric Turbidity Unit, unidade matemática utilizada na medição) a 1.220 NTU, quando o aceitável seria de 40 NTU. “Com a turbidez nessa situação, praticamente todo o oxigênio dessa água se esvaiu e causou a morte dos organismos que estavam lá e do rio inteiro”, diz Marta.

O relatório foi entregue em comissão da Câmara dos Deputados que acompanha o caso e também será encaminhado aos governos de Minhas Gerais e do Espírito Santo, onde a lama chegou ao mar.

Além disso, termina amanhã o prazo para a Samarco depositar a parcela de R$ 2 bilhões determinada pela Justiça Federal para o fundo de recuperação da bacia hidrográfica do Rio Doce. O prazo para pagamento da primeira parcela venceria no dia 19 de janeiro, mas Samarco, Vale e BHP conseguiram adiá-lo. 




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