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'Ninguém vai apagar minha história no clube'
Nelson Cilo
Do Diário do Grande ABC
29/06/2009 | 07:06
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O zagueiro Dedimar, líder do grupo e capitão do Santo André na conquista da Copa do Brasil de 2004, mostra o mapa do título e o trajeto de um surpreendente campeão. Agora, o xerife defende o Atlético Sorocaba. Confira.

DIÁRIO - Você atribui a conquista só ao planejamento?
DEDIMAR - O que mais tenho gravado na memória é o exemplo de superação do grupo todo. É uma coisa que aconteceu naturalmente. O processo começou em 2003 nos tempos de Luís Carlos Martins. Estávamos na Série C do Brasileiro. Então, o clube trouxe o Luiz Carlos Ferreira na última rodada. Já tínhamos uma vaga asseguradas na Série B. Também ganhamos a Copa FPF.

DIÁRIO - Prevaleceu o quê?
DEDIMAR - Houve a necessária interação do grupo. A força do elenco. A sinergia que nos levaria ao título nacional. Como capitão, acho que dei um pouco de mim aos colegas, mas não me preocupava que me vissem como líder. É normal que a minha experiência pudesse ajudar...

DIÁRIO - Mas você era o porta-voz dos companheiros?
DEDIMAR - Não me coloquei em um nível superior. Fomos todos importantes. Era natural que os mais antigos passassem a experiência de cada um. O goleiro Júlio César (recuperou-se de uma complicada fratura na perna e substituiu Júnior Costa), Sandro Gaúcho, Romerito, Nelsinho, Ramalho, Élvis, Dirceu, Da Guia, Osmar e outros ...

DIÁRIO - Quem mais?
DEDIMAR - O Péricles Chamusca (suspenso, o técnico ficou na tribunas), o Sérgio Soares (assistente no gramado)... E havia os mais novos que se mesclavam. Makanaki, Tássio...

DIÁRIO - Era mesmo tudo ou nada em busca do título?
DEDIMAR - Dois aspectos marcaram a nossa conquista: drama e superação. Cada um carregava diferentes problemas na vida pessoal. Um exemplo é que o Osmar acabava de perder o pai. A maioria não ganhava bem. Muitos companheiros já haviam batido em portas de outros clubes. Então, era tudo pelo nosso futuro profissional. Não poderíamos frustrar o nosso próprio sonho e a expectativa dos torcedores.

DIÁRIO - Quais foram as maiores dificuldades?
DEDIMAR - Tivemos vários obstáculos, mas não conseguiram nos derrubar. Ao contrário, os desafios serviram de combustível para que chegássemos lá. Felizmente, deu tudo certo. Estabelecemos um alvo para que tivéssemos condições de superar cada uma das etapas.

DIÁRIO - Havia um comando competente, não é?
DEDIMAR - O Péricles Chamusca é um técnico muito equilibrado. É uma pessoa compreensiva e inteligente. Surgiu aquela sintonia que ajudou a nos fortalecer. Coisas bem simples que na prática funcionaram demais.

DIÁRIO - A mídia não apostava no Santo André?
DEDIMAR - Me lembro que não acreditavam na gente. Estávamos às vésperas da finalíssima. Estávamos desacreditados. Pensávamos assim: vamos colocar os pés no maior estádio do mundo para encarar a maior torcida que se vê no planeta. Já pensaram nisso? Não era brincadeira.

DIÁRIO - E quanto ao clima nos bastidores, enfim?
DEDIMAR - Seria natural que ficássemos temerosos. Estabelecemos o pacto de não tomar gols. Não daríamos chance ao Flamengo. Caso contrário, não suportaríamos a pressão. Definimos a estratégia e fomos à luta.

DIÁRIO - Não tremeram?
DEDIMAR - Isso não. Era só um friozinho na hora de entrar no gramado. Sentíamos o receio da arbitragem, mas nada nos prejudicou. Houve uma disputa limpa e leal.

DIÁRIO - Encararam a batalha de frente, não é?
DEDIMAR -Tínhamos um perfil curioso. Adorávamos jogar fora de casa. A torcida adversária nos estimulava muito mais. Então, procuramos utilizar a corrente dos cariocas para o nosso lado.

DIÁRIO - O que caracteriza um título importante?
DEDIMAR - Você pode conquistar várias Copas do Brasil, mas nenhuma é idêntica às outras. As circunstâncias não são iguais. Os personagens mudam. A história se modifica. A minha nunca ninguém vai apagar. Nunca.




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