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Braço de luminária vira brinquedo
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
15/08/2011 | 07:09
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Quem aproveita os brinquedos de parques e praças de São Bernardo nem imagina que os equipamentos podem ser feitos a partir de braços de luminárias dos postes das ruas. É isso mesmo. A cidade instalou oficina no Departamento de Parques e Jardins para reaproveitar o material que viraria sucata. A economia chega a 80%.

As primeiras peças poderão ser testadas na Chácara Silvestre, no bairro Nova Petrópolis, que será reaberto no dia 27. Vai ter gangorra, balanço e gira-gira feitos pela Prefeitura. A oficina funciona a todo vapor. As próximas praças que devem receber os brinquedos estão nos jardins Ipanema e Leblon.

Das 12.500 luminárias que foram substituídas por lâmpadas de maior economia pelo projeto Reluz - parceria entre Eletrobras, AES Eletropaulo e Prefeitura -, cerca de 2.500 estão prontas para serem transformadas. A meta é produzir 30 brinquedos por mês, suficiente para atender seis praças. Sempre no mesmo padrão: balanço, gangorra, escada horizontal e gira-gira.

"Com os braços vamos dando forma aos brinquedos. O objetivo é fazer 350 peças até o fim de 2012, o que dará para equipar entre 40 e 50 praças", afirma o arquiteto e responsável pelo projeto, Adriano Aristides Rodrigues.

Ele explica que antes de iniciar a produção, que começou a dar resultado há 15 dias, foi elaborado projeto com os moldes dos brinquedos. Na Praça Fernando Cardoso da Silva, no Jardim Continental, os equipamentos entregues em julho respeitam o modelo que irá se repetir em outras áreas verdes. "Criamos um padrão e naquele momento pedimos para uma empresa produzir. Agora já temos a nossa equipe e vamos dar continuidade. O objetivo é que todos os espaço sejam iguais na cidade", ressalta.

Para Rodrigues, a padronização vai gerar custo menor de manutenção. "Além de adequar às regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas, vamos utilizar quatro cores (magenta, violeta, laranja e amarelo) e isso irá facilitar a pintura. Além disso, quando precisarmos trocar alguma peça, não vamos ter de solicitar para a empresa e nem vai levar tanto tempo para encontrar uma unidade de reposição, já que todas serão iguais", explica o arquiteto. O reparo nos brinquedos deverá ser feito pelo menos duas vezes ao ano - além da manutenção constante, que é realizada em todas as áreas verdes.

 

Com cinco tubos se faz um balanço 

Para produzir um balanço é preciso cinco tubos de luminárias. O arquiteto Adriano Aristides Rodrigues explica que, em média, o valor do brinquedo é R$ 1.500 a R$ 2.000 no mercado. Com a utilização do material reciclado, a economia é de 50%.

"O que vamos usar, além dos tubos, são correntes, parafusos, madeira para o assento e tinta", explica Rodrigues. No caso da gangorra, a economia chega a 50%, no gira-gira é de 40% e, na escada horizontal, 80%.

Segundo o diretor do Departamento de Parques e Jardins, Ricardo Kondratovich, não é apenas para os brinquedos que o material é reutilizado. "Reaproveitamos os troncos de árvores para fazer aparelhos de ginástica, bancos, grades e parapeitos."

O diretor ressalta que, além da economia, o serviço também oferece oportunidade de emprego. Para a produção, a oficina conta com um serralheiro e dois ajudantes terceirizados, duas pessoas da Frente de Trabalho e um funcionário da Prefeitura.

O serralheiro Agostinho Anselmo Filho, 48 anos, é o responsável por transformar os braços de luminárias em diversão para a garotada. Para quem trabalhava na construção de portões, ele admite ser um desafio. "Nunca pensei que esse material viraria brinquedo. É muito gratificante passar minha experiência para os demais e oferecer lazer para as crianças."

Depois de 18 anos como jardineiro, Alberto Alexandre Alves, 48, descobriu que é capaz de aprender outra profissão. Ele é ajudante do serralheiro. "Olhava para essas luminárias e pensava que não serviria para mais nada", afirma Alves.

Edimar Querino, 51, coloca em prática sua experiência como pintor na hora de dar cor aos brinquedos. Ele está na Frente de Trabalho, onde também tem aulas de informática. "Aprendi a lixar e cortar. Embora tivesse alguma noção, estou adquirindo mais prática. É a oportunidade de fazer algo que meus filhos e outras crianças poderão brincar", afirma Querino, pai de três filhos.

 

Santo André reutiliza materiais há dez anos

O arquiteto Adriano Aristides Rodrigues explica que a Prefeitura de Santo André reaproveita o material desde 2001. Ele trabalhou na administração até 2009, onde foram confeccionados cerca de 2.000 brinquedos que estão nos parques e áreas verdes.

O governo Aidan Ravin (PTB) informa que possui o programa de reaproveitamento de materiais para a fabricação de equipamentos. As principais matérias-primas são as árvores removidas na cidade, que servem para criar equipamentos e reformar os existentes. Além disso, postes metálicos também são transformados em brinquedos e traves.

Atualmente, o Departamento de Parques e Áreas Verdes possui 15 pessoas trabalhando na atividade. A produção de brinquedos é de oito kits (balanço duplo, escorregador, gangorra-dupla e gira-gira) por mês.

Os aparelhos estão espalhados por locais como os parques Celso Daniel e Central. Questionada sobre o volume de produção, a Prefeitura justifica que, por se tratar de serviço cotidiano, o departamento não possui levantamento sobre o número de peças fabricadas.

O preço dos brinquedos é variável e depende, por exemplo, da quantidade de material que pode ser reciclada. Segundo a administração, cada equipamento, custa, em média, R$ 800, no mercado e a economia com o reaproveitamento é de até 60%.

São Caetano e Diadema informaram que não têm oficina para criar os brinquedos. Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não responderam até o fechamento desta edição.




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