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Famílias de soldados dizem que ida de Bush ao Iraque é propaganda
Por Da EFE
29/11/2003 | 12:49
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Representantes das famílias dos soldados americanos destacados no Iraque criticaram com dureza a inesperada visita do presidente George W. Bush ao país árabe, considerando a viagem uma "esperteza de propaganda" para sua reeleição.

As imagens de Bush em Bagdá, sorridente, carregando uma bandeja com o tradicional peru do dia de Ação de Graças e ajudando a servir o jantar enquanto tropas eram atacadas em outros pontos do Iraque não agradaram a algumas famílias.

"Bush dá a sensação de se preocupar com as tropas, mas é apenas uma pose", disse Fernando Suárez del Solar, pai de Jesús Alberto Suárez del Solar, morto no Iraque em 27 de março, uma semana depois de os soldados dos Estados Unidos entrarem no país árabe.

Suárez del Solar, que viajará em breve ao Iraque, disse que o presidente não fez o fundamental: "falar com a população nas ruas e ouvir as tropas para saber o que está acontecendo". Ele ainda advertiu sobre a possibilidade de Washington enviar ainda mais tropas ao front iraquiano.

Atualmente 130 mil soldados americanos permanecem como força ocupante no Iraque. O plano de Bush é reduzir esse número para 110 mil até maio de 2004.

Entre os que estão há mais tempo na região do Golfo Pérsico está o marido de Jari Sheese, proprietária de uma pequena loja em Indianápolis (Indiana), que se queixou fundamentalmente da incerteza sobre a duração final da missão.

"Meu marido está há 308 dias fora de casa e acho que ele ainda tem mais de 200 pela frente, se as ordens não voltarem a mudar. Não havia contado antes, apesar de que ele já devia estar fora há 179 dias, mas hoje o fiz para comparar com as poucas horas que Bush esteve no Iraque", afirmou.

Para Sheese, o presidente não pensou no sofrimento dos soldados, mas "na oportunidade de tirar uma foto que será utilizada para sua eleição no ano que vem (novembro de 2004). Tudo isto me leva a pensar o que mais ele esconderá na manga."

"Por enquanto, tudo o que consegui é passar mais um dia sem que tenham batido à minha porta para notificar-me que algo ocorreu ao meu marido. Esta é a única coisa pela qual tenho que agradecer, não pelo que George Bush fez", acrescentou.

Tão contundente quanto ela foi Jerri Reed, que tem um filho no Iraque desde o início da ocupação e é membro de uma organização de famílias que pede a volta das tropas para casa.

Reed afirmou que a viagem presidencial à capital iraquiana "foi obviamente uma esperteza de propaganda" e assegurou que "muitos dos soldados estão tão zangados como nós".

"Enquanto Bush participava dessa cerimônia, um comboio americano foi atacado", lembrou Reed, em referência à ação que matou um soldado no norte do Iraque, elevando a 184 o número de baixas desde que o presidente declarou o fim da fase das maiores operações de combate no Iraque, em 1º de maio.

"Bush é muito valente com a vida dos nossos rapazes", afirmou Reed, que acusou o presidente de covardia por permanecer só duas horas e meia no aeroporto da capital iraquiana.

"Ele deve achar que não é um lugar seguro e mesmo assim diz que vamos ficar, sem importar o que nos façam. É claro que nada vai acontecer com ele, por isso não precisamos que ele viaje para lá, precisamos que as tropas voltem para casa", declarou.

A contundência das famílias contrasta com as reações dos políticos democratas, na oposição, que consideraram adequada a visita e preferiram criticar de maneira geral a política do governo Bush na gestão do pós-guerra iraquiano.

O senador John Kerry, pré-candidato democrata à Presidência em 2004, disse: "é genial o que o presidente fez (...), mas é bom para um dia do ano. Nos outros 364 dias temos de ver os problemas de nossa política externa."

A conselheira de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, não deu muita importância às críticas e disse que "o povo americano, independentemente do partido que apóie, sabe que o presidente dos Estados Unidos, como comandante-em-chefe, deu um passo importante ao visitar as tropas."




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