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Ariel Sharon e Mahmud Abbas enfrentam resistência
Da AFP
09/02/2005 | 10:30
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O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, e o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmud Abbas, encararam a oposição em seus respectivos campos nesta quarta-feira, depois do anúncio do fim da violência na cúpula de Sharm el-Sheikh.

Em Israel, a ofensiva veio do ministro das Relações Exteriores, Sylvan Shalom, que lidera uma campanha para organizar um referendo sobre a retirada da Faixa de Gaza. Sharon se opõe energicamente à votação. "Tenho a intenção de coordenar uma iniciativa pública, parlamentar e política em favor de um referendo", disse Shalom.

Segundo o ministro, a realização do referendo - uma consulta sem precedentes e, Israel - "não colocará em dúvida o calendário da retirada", que prevê a retirada das tropas da Faixa de Gaza no verão (Hemisfério Norte) e o desmantelamento das 21 colônias israelenses espalhadas pela região, além de quatro pequenos assentamentos no norte da Cisjordânia.

Shalom, que não foi convidado pelo primeiro-ministro a participar da cúpula de Sharm el-Sheikh, garantiu que sua decisão não estava destinada a provocar a queda de Sharon.

Um analista da rádio militar qualificou a atitude de Shalom de "bomba política". A emissora pública afirmou que apesar de Sharon ter conseguido acabar com a Intifada (revolta palestina contra a ocupação israelense), atualmente deve enfrentar uma Intifada em seu próprio setor.

Durante entrevista, um assessor do chefe de governo reiterou que Sharon se opõe categoricamente à idéia de um referendo. "Os que apóiam esta idéia querem sabotar o plano de separação e derrubar o primeiro-ministro", destacou o alto funcionário. De acordo com esta fonte, "Israel não pode se permitir dar marcha a ré diante da comunidade internacional questionando ou adiando a retirada".

No entanto, Sharon não dispõe de uma verdadeira maioria parlamentar, apesar de no mês passado ter recebido o apoio dos trabalhistas de Shimon Peres na Knesset (Parlamento unicameral). Treze dos 40 legisladores de seu próprio partido, o Likud (direita), se rebelaram contra seu plano de retirada de Gaza.

Os analistas destacam que o primeiro-ministro ainda não conseguiu levar à votação seu orçamento para 2005 e que se não conseguir isso antes de 31 de março, seu governo cairá automaticamente e serão realizadas eleições antecipadas em um prazo de alguns meses.

Entre os palestinos, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e a Jihad Islâmica moderaram o otimismo provocado pelo anúncio do presidente da ANP a respeito do fim da violência contra os israelenses.

"Este anúncio só expressa a posição da Autoridade Nacional Palestina. Não expressa as posições dos movimentos palestinos", declarou em Gaza Mushir al-Masri, porta-voz do Hamas. "O Hamas mantém sua posição, que não mudou: não haverá uma verdadeira trégua com Israel sem uma verdadeira contrapartida", acrescentou. "Nós atuaremos frente a trégua em função do compromisso do inimigo sionista em favor de nossas condições, começando pela libertação de todos os prisioneiros palestinos", declarou.

"Nós esperamos o retorno de Mahmud Abbas para avaliar o que se decidiu e então indicaremos nossa posição", afirmou o porta-voz da Jihad Islâmica, Mohamed al-Hindi. Ele também considerou que a cúpula não trouxe nada de novo e que era previsível.

Depois de um acordo concluído no dia 21 de janeiro com Abbas, vários grupos armados radicais, incluindo o Hamas, se comprometeram a respeitar "um período de calma". Isso significava o fim de seus ataques contra os israelenses. Até o momento, estas organizações radicais não questionaram o acordo nem retomaram os atentados antiisraelenses.




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