Cotidiano Titulo COLUNA
Novas aventuras no prodigioso reino do ó
Por Rodolfo de Souza
28/03/2019 | 07:00
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O antigo rei, aquele que deu tombo feio na rainha, recentemente foi conduzido ao cárcere por coisas feias que fez durante 40 anos, segundo o agente que o prendeu. Pode ser. Se é o que dizem...

Só não dá para entender como os acusadores descobriram somente agora as travessuras de quase meio século do antigo soberano deste vastíssimo e encantado reino do Ó. Esquisito também é que, não faz muito tempo, e essas mesmas pessoas se perdiam em bajulações ao sujeito que mais tarde conduziriam à cela. Mistério! Será que deixaram de gostar dele, como sempre odiaram o homem que se encontra hospedado lá na Capital Federal da província do Sul? É sempre bom lembrar de que o xerife daquele lugar, o mesmo que se empenhou em condenar o sujeito que causaria danos aos interesses imperialistas e ao atual rei, deixou o seu cargo logo depois de ver consumado o seu trabalho de auxiliar na eleição do indivíduo que, tudo indica, havia lhe prometido ministério bacana que agora é todinho seu.

E, conversa vai, conversa vem, opiniões as mais diversas, e eis que poucos dias depois de encarcerado o rei da rasteira, surge um magistrado, vestindo toga qualquer coisa mais pesada que as outras, e dá seu parecer contrário à prisão. Assina, pois, a soltura do mesmo, que nem chegou a esquentar o catre do calabouço, lá em terras fluminenses. Voltou, então, a vítima caluniada, a respirar o refrescante ar da liberdade e dormir o sono dos justos. Onde já se viu perturbar o seu sossego com bobagens?!

Enquanto isso, lá na província federal do Sul, o prisioneiro do xerife que deu no pé, tão logo se certificou da permanência definitiva dele no xadrez, parece que amargará mais uns tempos lá. Tudo porque um dia ousou proclamar-se candidato ao trono novamente, ele que também fora rei. E dos bons! Talvez até o melhor, tendo em vista ser aclamado até hoje como líder absoluto de camponeses, artesãos... Proletariado em geral. A boca pequena chegou mesmo a comentar que sua nova ascensão, uma vez consagrada, tiraria o sono de muita gente, inclusive, do grande urso branco, de vasto topete e cara de mau. Por causa de quê? Porque os tesouros desta Pátria certamente seriam conservados com ela, e serviriam para promover o seu crescimento e de sua gente. Começa por aí.

Agora, com a libertação do antigo rei, campeão de rasteira, cresce o boato de que é grande a parcela de súditos ansiosos pela liberdade daquele líder, em contrapartida à apreensão de outros que primam pela manutenção do reinado vigente, este do indivíduo que cismou de brincar de rei e se estrepou. Claro que sua inabilidade no trato com a indigesta tarefa de pensar não lhe permite enxergar um palmo diante do nariz, o que dirá o desastre iminente. Pobre criatura!

Verdade é que o rebuliço generalizado, resultado da conduta desse rei que acabou por descobrir que reinar não é bem o seu forte, vem tirando completamente dos trilhos o trem que já vinha descarrilando desde que tomou o cetro sua majestade que desocupou o trono no ano que se findou.

Mais duro, em toda essa história, é ver um rei que não vale um vintém ceder lugar ao que vale menos ainda, e depois de tanta dor de cabeça ver este último sucumbir ao peso da coroa e dar a vez a... Bem, diante de realidade tão perturbadora, recuso-me a pensar no futuro deste pobre reino que um dia já foi encantado! 




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