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Finados leva 100 mil a cemitérios
Fabiana Chiachiri e
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
03/11/2005 | 08:29
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Mais de 100 mil pessoas visitaram nesta quarta os 22 cemitérios do Grande ABC, de acordo com estimativa dos administradores. O diferencial deste Feriado de Finados, marcado pela chuva fina, foi proporcionado pelo cemitério Vale dos Pinheirais, em Mauá, que separou três salas de velório para atender a população com dentista, massagistas e enfermeiros. Nove profissionais estiveram das 10h às 17h no local. Eles mediram pressão arterial, realizaram testes de diabetes, avaliação bucal e massagem.

A inovação fez sucesso. Depois de visitar o jazigo do sogro, o bombeiro Marcelo Gonçalves Pereira, 38 anos, aproveitou para fazer massagem. “Tenho hérnia de disco. Achei excelente esta idéia.” A dona-de-casa Lúcia dos Santos Gomes, 50, dedicou um momento para fazer um check-up. “Já visitei o túmulo da minha mãe, assisti à missa e agora passei pelo dentista. Também vou fazer o teste de diabetes”, disse.

Sem médicos, mas embelezado com as cores das flores, o Cemitério da Vila Euclides, em São Bernardo, recebeu cerca de 15 mil pessoas na parte da manhã. A vista do cemitério ficou enfeitada com vasos de crisântemos e rosas, espalhados pelos visitantes.

Uma das famílias presentes no cemitério da Vila Euclides era a Domingos da Silva, do Riacho Grande. Nada menos que 27 parentes cercavam o túmulo da família por volta das 10h. Eles nunca combinam, mas todos os anos se encontram em volta do jazigo. “Todos os domingos tomamos café juntos”, disse o aposentado José Carolina de Araújo, 68 anos, da família.

Em contraste com o clã numeroso, o pracinha Antonio Cruchaki, 83 anos, representava os colegas combatentes da 2º Guerra no mausoléu dos veteranos da Força Expedicionária. Estava amparado pela mulher, Nadir. Cruchaki contou que os pracinhas da capital não puderam marcar presença, pois muitos estão doentes. “Não existem mais pracinhas em São Bernardo, todos morreram.”

Os olhos de Cruchaki se encheram de lágrimas quando ele falou do sentimento de esquecimento que recai sobre o grupo. “Não temos nada e, mesmo assim, nos mantemos. Ninguém trouxe sequer uma banda. Sei que só vão fazer isso quando o grupo todo estiver morto. Mas vim e trouxe carinho e saudade.” Parou de falar e olhou para as fotos dos 14 colegas enterrados e as flores depositadas pelas viúvas.

A garoa fria também não afastou os visitantes em Santo André. A comerciante Valdomira Oliveira dos Santos, 61 anos, convocou parte de sua família para limpar o mausoléu do filho e da irmã no cemitério do Curuçá. “Sempre venho limpar uns dias antes, mas este ano não deu certo. Gosto de deixar o ‘apartamento’ do meu filho em ordem”, disse.

O túmulo do prefeito de São Caetano Luiz Olinto Tortorello, morto no final do ano passado, roubou a cena. Durante toda a manhã, grupos se formavam em volta do mausoléu do prefeito, no Cemitério das Lágrimas, em São Caetano. Em Diadema, no Cemitério Municipal, fez sucesso o túmulo do emancipador e primeiro prefeito do município, Evandro Caiaffa Esquível. Enquanto isso, o túmulo do prefeito Celso Daniel estava praticamente vazio, no cemitério da Saudade, em Santo André.




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