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Incentivos fiscais do Sul de MG tiram empresas de SP
Do Diário do Grande ABC
29/02/2000 | 16:04
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Os incentivos fiscais concedidos por outros Estados estao engrossando cada vez mais a lista de empresas que fogem da capital paulista em busca de reduçao de encargos. Em apenas seis meses, num raio de menos de 30 quilômetros, o Sul de Minas Gerais foi contemplado com uma cifra da ordem de R$ 212 milhoes em investimentos. Além de isençao de impostos, as empresas ainda recebem outros tipos de benefícios atraentes, como, por exemplo, doaçao da área e financiamentos por meio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), com prazo de 5 anos de pagamento, 2 de carência e juros nos moldes TJLP mais 6,5%.

O maior investimento ficou por conta da Companhia e Fiaçao de Tecidos Guaratinguetá, com dez unidades fabris no Estado. Premiada com um terreno de 26 alqueires, valor de mercado estimado em R$ 230 mil, em Camanducaia, Sul de Minas Gerais, a 140 quilômetros de Sao Paulo, a empresa terá uma área construída de 101 mil metros quadrados e absorverá investimentos de R$ 136 milhoes. A isençao dos Impostos Sobre Serviços (ISS) e Predial e Territorial Urbano (IPTU) será por cinco anos.

Com previsao para operar a partir de junho a Uniminas, como foi batizada, criará 2 mil novos postos de trabalho diretos e um faturamento projetado em R$ 2 milhoes até o fim do ano. Esta primeira etapa começa com 600 funcionários. "A estimativa é beirar R$ 20 milhoes em dois anos", revela uma fonte da área.

A Bauducco, líder no setor de panetones, fabricante também de bolos e biscoitos, seguiu a mesma trajetória e inaugura a primeira de duas plantas em Extrema, Sul de Minas Gerais, no início do segundo semestre. O projeto global totaliza R$ 40 milhoes e a capacidade instalada é de 33 toneladas/ano, informam técnicos da prefeitura. Numa área de 20 mil metros, serao criados 300 empregos. A unidade irá produzir biscoitos amanteigados. Segundo dados da prefeitura, haverá isençao de IPTU e ISS por cinco anos. A Bauducco recebeu uma linha de financiamento de R$ 8 milhoes do BDMG e o restante foi capital próprio. Com 100% de capital nacional, a empresa conta atualmente com duas fábricas em Sao Paulo. Ainda nao está previsto o início da construçao da segunda fábrica.

Nem bem chegou no país, a norte-americana Legget Platt, com um faturamento mundial anual de US$ 3,8 bilhoes, líder no segmento metalúrgico, encontrou uma maneira de economizar, reduzindo custos. Fechou a unidade em Sao Paulo, antiga Spring Flex, adquirida há seis meses, transformando-a num centro de distribuiçao e dispensando 80 funcionários. "Os custos vao cair pela metade na fábrica construída em Camanducaia", comemora o diretor-comercial da empresa, Osmani Sobral.

Programada para entrar em operaçao em abril, a Legget, irá desembolsar US$ 15 milhoes e conta com 210 empregados, trabalhando em três turnos. Além dos incentivos fiscais, a norte-americana ganhou um terreno com área de 18 mil metros quadrados, estimado em R$ 50 mil, e linha de crédito da BDMG. "Nossa intençao é construir várias unidades na regiao", afirma.

Há seis meses, a antiga Spring processava 1.600 toneladas de arame/ano. "A meta é duplicar o volume atéo final deste ano", conta. Em Camanducaia, a empresa irá produzir molas para colchao, estofados e assentos de carros. Sobral conta que também buscou recursos do BDMG, mas nao quis dar detalhes.

A metalúrgica Rhodes, ao contrário, nao pretende fechar a unidade de Sao Paulo, mas reduzir o quadro de funcionários de 210 para 130. "As demissoes já começaram e irao parar no final de março, quando a unidade de Cambuí, no Sul de Minas, entra em operaçao", afirma o presidente da empresa, José Claúdio de Almeida Barros.

Fabricante de estrutura para cadeiras, a Rhodes, por meio do BDMG, contraiu um empréstimo de R$ 2,2 milhoes dos R$ 6 milhoes investidos na nova unidade. Isençao do IPTU e ISS por dez anos e doaçao de 25% do valor do terreno de 20 mil metros quadrados foram os incentivos recebidos. A produçao atual de 50 mil estruturas/mês deverá saltar para 70 mil e o objetivo é exportar para toda a América Latina.

Pelas contas de Barros, a receita bruta estimada em R$ 15 milhoes deverá alcançar R$ 18 milhoes em 2001. "Teremos incremento mínimo de 30% enquanto o mercado cresce, no máximo, 10%", aposta. O otimismo é perfeitamente explicável.

A Rhodes selou joint-venture com a italiana Co.Fe.Mo., no que diz respeito a troca de tecnologia. A associaçao com outra italiana, a Ivars, que também atua na mesma linha, reza injeçao financeira de 19% referente ao valor patriomonial. "Em breve, nossos produtos também ganharao mercado italiano", comemora.

A preferência pela regiao, explicam, dá-se pela proximidade com a capital paulista, tendo em vista a duplicaçao da Rodovia Fernao Dias. A distância é mínima e nao encarece o frete. O Sul de Minas Gerais é tido como pólo industrial desde o início da década, quando começou a abrigar empresas de porte, entre elas, a Knoor, em Pouso Alegre, da Refinaçoes de Milho Brasil, subsidiária da norte-americana Bestfoods, que há menos de dois meses adquiriu a Arisco. A Alpargatas e dezenas de outras na mesma grandeza estao entre as que se instalaram na mesma regiao.




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