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Memorial da América Latina completa 15 anos
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
21/02/2004 | 16:56
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Apenas o barulho dos carros ao longe corta o silêncio do Memorial da América Latina, em São Paulo. Circular pela arquitetura de Oscar Niemeyer é um exercício de tranqüila contemplação neste complexo de integração da cultura latino-americana. No próximo dia 18, a instituição completa 15 anos e seu maior desafio no momento é ampliar recursos financeiros para incrementar suas atividades para o público.

Segundo o presidente da Fundação Memorial da América Latina, José Henrique Reis Lobo, o orçamento anual é de R$ 8 milhões, a maior parte proveniente do Governo do Estado. “Temos dificuldade financeira para trazer figuras de expressão, sejam escritores, políticos, intelectuais”, diz Lobo.

A intenção do presidente é fazer o Memorial cumprir seu objetivo de proporcionar o cruzamento das culturas dos países latinos do continente. “Estamos longe dessa integração. O Memorial da América Latina é palco para discussões, mas sem a pretensão de esgotar o tema a curto prazo”, afirma.

O ritmo diário calmo deve permanecer. “Esse pequeno movimento é natural, pois os temas latino-americanos interessam a um público reduzido”, afirma o presidente.

Mas deve crescer o número de espectadores nos eventos. “A participação da população já foi intensa em 2003 nos shows e exposições, e as perspectivas são melhores para este ano”, diz. A Galeria Marta Traba, dedicada a mostras provisórias, recebeu 76 mil pessoas no ano passado, e as visitas monitoradas atenderam 53 mil.

Projetado por Oscar Niemeyer e construído entre 1987 e 1989, o complexo de edifícios situado na Barra Funda tem todos seus órgãos em atividade. O Pavilhão da Criatividade mantém uma exposição permanente de 2 mil peças de arte popular do Brasil, México, Equador, Guatemala, Peru e Bolívia. A Galeria Marta Traba está com a mostra sobre as escolas de samba do Carnaval paulista.

A biblioteca especializada em assuntos latino-americanos oferece 30 mil volumes e é visitada por cerca de 80 pessoas por dia. O Salão de Atos fica aberto para que o público possa ver os seis painéis de concreto com desenhos em baixo relevo feitos por Carybé e Poty, além da bela pintura Tiradentes (1949), de Candido Portinari. “Em 2003, adquirimos os desenhos de estudo da obra de Portinari, que também estão expostos no local”, diz Lobo.

Há ainda os prédios do Parlamento Latino-Americano, o Auditório Simón Bolívar e a administração, além da passarela e a praça cívica, onde estão esculturas como A Grande Mão, de Niemeyer, e Grande Flor Tropical, de Franz Weissmann. O lugar é um recomendável passeio para se contemplar “o espetáculo da arquitetura”, conforme idealizou Niemeyer.

O Memorial não é um equipamento voltado apenas à arte ou só a questões acadêmicas. Estudos, pesquisas, atividades artísticas e educativas, recepção de chefes de Estado e realização de seminários fazem parte do seu cotidiano. “É uma instituição de prestígio internacional”, diz Lobo.

Mantém um departamento de publicações que, além de livros (dois ganhadores do Prêmio Jabuti), edita a revista Nossa América. A próxima edição, comemorativa ao aniversário, será lançada na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em abril. Em 2004, serão realizados três seminários, que debaterão os temas Turismo, Marginalidade Social e Metrópoles Emergentes. Conta ainda com o CBEAL (Centro Brasileiro de Estudos da América Latina), que desenvolve pesquisa e documentação de assuntos culturais e intelectuais.




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