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Microindústrias acessam crédito caro

Apenas 35% dessas fabricantes obtêm linhas para pessoa
jurídica; 12% recorrem ao cheque especial

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
15/02/2014 | 07:28
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Os micro e pequenos industriais têm muita dificuldade de acessar as linhas de crédito destinadas às empresas pelos bancos. É o que aponta pesquisa feita pelo Simpi (Sindicato das Micro e Pequena Indústria de São Paulo), em parceria com o Datafolha.

De acordo com o estudo, que entrevistou 307 fabricantes paulistas em janeiro, apenas 35% utilizam linhas destinadas a pessoas jurídicas, enquanto outras 44% são obrigadas a recorrer a outras fontes: empréstimos pessoais junto ao sistema financeiro (13%), recursos de parentes e amigos (13%), cheque especial (12%), empréstimos de outras empresas ou pessoas (3%) e outros (2%). Além disso, 21% dos entrevistados não fazem empréstimos de nenhum tipo. A pesquisa mostra ainda que 33% consideram muito difícil obter financiamentos.

Em meio a um mercado altamente competitivo, com forte concorrência de produtos importados, essa dificuldade de acesso a crédito, somada às alternativas, como cheque especial – que cobram juros de 8% a 10% ao mês –, não viabilizam a vida empresarial, avalia o diretor de Relações Institucionais do Simpi, Rogério Grof.

Para ele, isso ocorre porque o sistema financeiro não está interessado em financiar a pequena empresa, pois prefere trabalhar com as grandes, que podem oferecer garantias reais, como imóveis. “Os bancos não querem correr riscos”, afirma.

Outros problemas, segundo ele, são as dívidas atrasadas, por exemplo, com o Fisco. “Se a empresa cair no Cadin (que é o Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público) também não consegue financiar”, observa.

A questão é complicada, porque, com a forte competição, as empresas precisam investir para melhorar produtividade, por exemplo, com mais automação dos processos, para reduzir custos. No entanto, o que se vê é que a situação é cada vez mais difícil para o micro e pequeno industrial, avalia Grof.

O vice-diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, o empresário Anuar Dequech Júnior, afirma, por sua vez, que as instituições financeiras oferecem crédito, mas a procura é insuficiente. Isso, segundo ele, ocorre pelo receio de os empresários de se endividarem e não conseguirem arcar com esses compromissos.
 




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