Cultura & Lazer Titulo Artes plásticas
Novo mundo por ideias mescladas em colagens

Fábio A. apresenta novas e antigas obras na exposição Lapidando Sonhos, em São Bernardo

Por Luís Felipe Soares
08/02/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Em tempos em que a arte contemporânea tenta encontrar seu caminho, a tradição da colagem tenta manter seu espaço. O processo de criar formas e cenários por meio da sobreposição de materiais e imagens tem funcionado como válvula de escape para a criatividade de Fábio A. há mais de 20 anos. O objetivo de seu trabalho é criar mundos ao mesclar ideias. “Tenho muita coisa guardada na cabeça pelo que vejo na minha vida. Pego o que tenho, destruo tudo e tento reunir esses fragmentos colocando-os no papel. Depende muito da obra. Só quero poder criar”, afirma o artista de São Caetano.

Parte das viagens de sua mente é revelada na exposição Lapidando Sonhos, em cartaz no hall do Teatro Elis Regina, em São Bernardo. Os trabalhos ficam liberados para apreciação do público até dia 28 e a entrada é gratuita.

O acervo conta com cerca de 30 obras, sendo que a maioria está em tamanho comum em papel A4 e alguns itens um pouco maiores do que o convencional. Parte da mostra é formada por produções que o autor expõe pela primeira vez. Ainda há espaço para projeto assinados ao lado do amigo e grafiteiro Daniel Melim, de São Bernardo, com quem montou no ano passado a coletiva experimental Colisão.

Um pouco da visão de Fábio, cuja escola pessoal pega elementos das carreiras dos cubistas Pablo Picasso e Georges Braque e do artista plástico alemão Kurt Schwitters e os coloca em uma espécie de visão urbana moderna, tenta questionar certos valores que tomam conta da sociedade atual. “Acredito que estamos vivendo a era dos excessos, seja de violência, sexualização ou de outras coisas. Isso faz com que as pessoas realmente se percam em caminhos que só levam a veneração egóica. Em algumas obras, trato de rostos onde se pode perceber o excesso da beleza. Tudo isso acabou criando monstros”, diz.

Apesar de também desenvolver seus pensamentos em ilustrações digitais, o artista faz questão de manter sua pesquisa na colagem ligada ao aspecto manual – ou “analógico”, como ele gosta de chamar. “Trabalho com colagens digitais, são bem fáceis de fazer e o resultado é bem mais rápido, mas nada como sujar as mãos com cola, tinta”, explica. “No modo artesanal não é possível ficar mudando as coisas a toda hora. Às vezes, faço só um rascunho do que estou pensando e depois vou selecionando as cores e vendo o que vai ou não entrar. A atenção acaba sendo maior. Não tem control+z (atalho utilizado no computador para reverter uma ação indesejada).”

Na exposição, a mente de Fábio promete funcionar como um despertar de sonhos para os visitantes. “As pessoas não devem esperar nada. Meu lance é tentar falar com o público por meio da minha obra. Quero que as pessoas tirem suas próprias conclusões.” O lapidar de ideias continua e precisa ser passado para frente.

Lapidando Sonhos – Exposição. No Teatro Elis Regina – Avenida João Firmino, 900, São Bernardo. Tel.: 4351-3479. Segunda a sábado, das 9h às 17h. Grátis. Até dia 28. 




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