Quatro meses depois de o Diário denunciar que creches prometidas pelo governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), estavam apenas no papel, as obras seguem paralisadas, com apenas canteiros abertos e nenhum sinal de intervenção para erguer os empreendimentos nos bairros Ferrazópolis e Parque São Bernardo.

As unidades Ferrazópolis 1, Ferrazópolis 2 e Parque São Bernardo têm previsão de custo de R$ 10,2 milhões juntas e estimativa de acolher 1.374 alunos – quantidade que representa quase metade do deficit de crianças fora de creches na cidade, de 3.200. Autorizadas desde a metade de 2012, os espaços que acolheriam edifícios para reduzir fila de espera no setor educacional se transformaram em depósito de entulho e área para usuários de drogas, relataram moradores dos bairros.

Em setembro, a equipe do Diário esteve nos locais e constatou a paralisação das obras. Ontem, novamente os endereços foram visitados e o cenário é semelhante. Vizinhos reclamam que, mesmo acionada por diversas vezes, a Prefeitura pouco se movimenta para sanar o problema.

Placas indicativas colocadas pela gestão Marinho mostravam que as três creches deveriam estar funcionando em, no máximo, julho de 2013. Ou seja, seis meses atrás.

Somente no dia 17 o governo Marinho publicou no Diário Oficial primeiras medidas punitivas à empreiteira Impacto Gouvêa, contratada para executar os projetos. Mesmo com a obra apenas no discurso, a empresa recebeu R$ 784,5 mil da administração petista, segundo dados do Portal da Transparência. O valor foi pago em 2012. O Paço justificou que a quantia se refere apenas ao serviço executado (como princípio de terraplenagem) e que, portanto, “não haverá ressarcimento” aos cofres públicos.

A multa aplicada pelo Executivo foi de R$ 1,6 milhão à Impacto Gouvêa: punição de R$ 578,2 mil pela creche Ferrazópolis 1, R$ 582,8 mil pela unidade Ferrazópolis 2 e R$ 384,7 mil pelo espaço escolar do Parque São Bernardo. A gestão municipal informou também que haverá nova licitação e que até o fim do mês haverá rescisão contratual com a terceirizada. Diretores da Impacto Gouvêa não foram localizados.

A partir da assinatura do novo contrato, a Prefeitura estipula mais 12 meses para entrega das unidades.

(Colaborou Orlando Filho)