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Oferta de gás deve viabilizar expansão do Pólo de Capuava
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
30/01/2004 | 00:39
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A Petrobrás deverá anunciar nos próximos dias a decisão de fornecer a matéria-prima necessária para a ampliação do Pólo Petroquímico de Capuava. A previsão é do empresário Roberto Garcia, presidente do grupo Unipar – controlador da Petroquímica União e maior acionista do complexo industrial localizado em Mauá. A previsão é reforçada pelo governador Geraldo Alckmin, que nesta quinta afirmou que a decisão deverá sair “o mais rápido possível”. Há forte pressão política também de prefeitos e parlamentares da região, mas neste momento o grande estímulo ao projeto vem, em última análise, da sobreoferta de gás natural que o Brasil terá nos próximos anos por causa da descoberta de enormes jazidas em Santos.

“(A decisão) deve sair agora. Eles estão prometendo. É uma coisa muito simples, mas estava dependendo dessa avaliação do custo do gás natural. Na realidade eles (Petrobrás) estavam aguardando uma política governamental no sentido de estabelecer um preço de gás natural”, disse Garcia. Perguntado se espera a decisão para os próximos meses, o governador Geraldo Alckmin respondeu brevemente: “O mais rápido possível”. Ele afirmou que trabalha permanentemente para ampliação do pólo.

“Havia necessidade de alteração da legislação estadual, que já foi feita. Nós fomos ao Rio de Janeiro (sede da Petrobrás) e estamos pedindo urgência nessa questão. Este foi um dos temas que nós abordamos tanto com a ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) quanto com o presidente da Petrobrás (José Eduardo Dutra). Parece que os entendimentos estão caminhando com o setor privado para que se possa dar um passo. O mais rápido possível”, disse o governador.

O Pólo Petroquímico de Capuava é o centro de uma cadeia de produção que representa a segunda maior fonte de arrecadação do Grande ABC. Fundado em 1957, necessita de ampliação para não perder competitividade para outros pólos petroquímicos mais novos e tecnologicamente avançados localizados no Sul e no Nordeste do país. A recuperação também é a chave para desenvolver na região um pólo de empresas transformadoras de resinas plásticas com grande potencial de geração de emprego.

Para ampliar a produção de eteno (usado na fabricação de resinas), a Petroquímica União quer extrair a matéria-prima do gás de refinaria oriundo das unidades da Petrobrás em Capuava e em São José dos Campos. Ocorre que o gás de refinaria é utilizado por essas unidades para manter os equipamentos em funcionamento. O combustível mais adequado para substituir o gás de refinaria é o gás natural importado da Bolívia e extraído da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. A Petrobrás quer cobrar pelo gás de refinaria o mesmo que paga pelo gás natural. O problema é que o gás natural é cotado em dólar e essa relação sempre prejudicou o andamento das conversas.

Roberto Garcia acredita que esse entrave está eliminado com a recente decisão dos governos federal e estadual de adotar uma política de redução do preço do gás natural boliviano para promover a expansão de seu uso industrial, veicular e doméstico. “(O preço) parece não ser mais um obstáculo. Então a gente imagina que agora vai poder acelerar o processo, que é adequado e necessário para que em 2006 a gente já tenha uma nova expansão de capacidade operando.” O empresário explicou que existe uma proposta formal da Petroquímica União que foi apresentada à Petrobrás em dezembro. “Estava faltando essa questão da fórmula, da metodologia do gás natural, mas saiu recentemente esse preço da ordem de US$ 2 por milhão de BTUs. A gente acredita que a decisão esteja próxima. Pretendo entrar em contato com a Petrobrás nos próximos dias para resolver isso.”




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