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FMI acompanha uso de recursos emprestados ao Brasil
Por Do Diário do Grande ABC
30/01/1999 | 12:55
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) está acompanhando o uso dos recursos já repassados ao Brasil pela instituiçao. O objetivo é evitar a repetiçao dos problemas verificados na Rússia, "que pegou o dinheiro do FMI e saiu pagando todo mundo sem ter prioridades, depois teve que recorrer a uma moratória", disse uma fonte da área econômica do governo. Os US$ 9,3 bilhoes já recebidos, afirmou, podem ser usados pelo governo até mesmo para o pagamento de compromissos de empresas privadas no exterior.

Isso para impedir o agravamento da crise de credibilidade do país no exterior com um possível atraso no pagamento de compromissos vencendo em outros mercados. "No entanto, isto vai depender de cada caso; é como se decidíssemos dar dinheiro a alguém apenas para comprar feijao e arroz, nao para comprar pinga", disse a fonte.

O governo sabe que conta com apenas com o FMI para honrar os compromissos no exterior. "Trocamos a entrada de recursos voluntários trazidos pelas taxas de juros pelos recursos institucionais do FMI", afirmou o integrante da equipe econômica.

Apesar disso, há dentro do governo a esperança de que alguns sinais negativos comecem a ser revertidos em uma semana. "Podemos, neste prazo, ter uma estabilizaçao da taxa de câmbio e, com isso, um religamento das linhas de crédito externo e a retomada dos contratos de exportaçao", afirmou a fonte.

Preços - A equipe do Banco Central está preocupada com a propagaçao dos aumentos de preços provocados pela desvalorizaçao cambial. "O problema sao os reajustes dados agora, legítimos nos casos de produtos importados e nos produzidos com insumos comprados no exterior, serem repetidos em outros meses na mesma proporçao do que foi feito agora." O governo calcula que, se tudo correr bem, o efeito das desvalorizaçoes sobre a inflaçao já deverá estar completamente absorvido até abril.

Enquanto isso o BC vai usando suas intervençoes diárias no mercado aberto para ir puxando as taxas de juros a um nível que seja suficiente para conter este efeito de propagaçao. A forma como vem agindo agradou a equipe de técnicos do FMI que está no Brasil. "Eles achavam, em Washington, que nós tínhamos uma taxa de juros fixa e gostaram de saber que temos este instrumento de intevençoes diárias no mercado", comentou a fonte.

O BC poderá fazer uma nova reuniao do Comitê de Política Monetária (Copom) para elevar a Taxa de Assistência do BC (Tban) atualmente fixada em 41% ao ano. "Se continuarmos no mesmo ritmo que estamos chegaremos nestes 41% já na próxima semana", disse esta fonte da área econômica do governo.




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