Política Titulo Santo André
Erros na alta do IPTU devem derrubar Grecco

Secretário de Gestão Financeira de Sto.André teria descumprido ordens para olhar social no reajuste

Humberto Domiciano
Do Diário do Grande ABC
07/02/2018 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O processo de aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) com base na atualização da PGV (Planta Genérica de Valores) deve custar o cargo do secretário de Gestão Financeira de Santo André, José Grecco.

O Diário apurou que a cúpula do governo de Paulo Serra (PSDB) está irritada com Grecco, principalmente porque o titular do departamento financeiro do Paço descumpriu orientações do chefe do Executivo ao calcular os reajustes dos carnês do tributo sem olhar social para as mudanças tributárias.

O tucano teria exigido que nenhum imóvel tivesse o valor venal superior a 80% das quantias de mercado, porém, o que se viu foram diversos casos de residências com valor venal muito superior.

Outro pedido foi sobre evitar o olhar estritamente técnico no cálculo do IPTU deste exercício. Paulo Serra recomendou a Grecco que, além da qualidade da construção, fosse levado em consideração o bairro onde o imóvel está inserido – se há unidades de Saúde, escolas, esgotamento sanitário, rua asfaltada, iluminação etc.

Sem essas recomendações houve carnê de bairros periféricos e com infraestrutura ainda a desejar cujas residências apresentavam valores venais muito acima do preço de mercado. Munícipes do Parque das Nações relataram que houve imóvel com valor venal de R$ 1,2 milhão deste ano, sendo que, em 2017, o custo estava R$ 349 mil.

O Diário apurou que a ideia do governo é adotar procedimento parecido ao que teve com a ex-titular da Saúde Ana Paula Peña Dias e tentar uma saída amigável de Grecco. No caso da ex-secretária, o Paço frisou em carta que a demissão, que aconteceu em dezembro, ocorreu de comum acordo entre as partes.

Já em relação ao secretário de Gestão Financeira, a tendência é que exista conversa entre Grecco e a cúpula do governo sobre o tema. Só que qualquer mudança antes do Carnaval está praticamente descartada.

Fontes do núcleo duro da gestão tucana admitem que existe desgaste após o recuo na cobrança do IPTU e que o próprio secretário teria ficado “chateado” com os problemas de sua Pasta e com os prejuízos políticos do governo.

Outra possibilidade levantada é a de que Grecco poderia retornar ao setor privado e não encontraria dificuldades, na visão do Paço, por ter currículo bom e trajetória profissional positiva.

Grecco enfrenta resistências também entre os vereadores da base aliada de Paulo Serra. O pedido de CPI para investigar o aumento do IPTU foi a medida mais clara tomada pelos parlamentares. Na visão de alguns, a condução da Pasta no tema gerou desgastes que atingiram também o Legislativo.

A Prefeitura não respondeu aos questionamentos do Diário sobre o tema.


Em clima tenso, Câmara aprova suspensão

A Câmara de Santo André aprovou ontem, em uma sessão tensa e com protestos, por 20 votos contra um, a suspensão do aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).

A medida recebeu duas emendas, uma de quase todos os vereadores (apenas Willians Bezerra, do PT, não assinou) que revoga a atualização da PGV (Planta Genérica de Valores) a partir do dia 1º de janeiro de 2019 e outra que determina o prazo de 120 dias para o ressarcimento de valores pagos acima do que determinar os novos carnês que serão emitidos. Essa segunda emenda foi apresentada pela bancada do PT, mas não teve a assinatura de Willians.

O petista alegou em seu discurso na tribuna que não confia no governo e que “tem liberdade para votar nos projetos”.

Para o articulador político do Paço junto ao Legislativo, Donizeti Pereira (PV), o acordo entre situação e oposição foi positivo e o governo terá que buscar formas de adequar a PGV ao cenário atual.

“Não existe desejo do prefeito de, em 2019, fazer valer essa PGV que ele mesmo está suspendendo. Os vereadores optaram por cautela, por compromisso com a cidade. Do jeito que está não é possível. Teremos um novo valor venal, abaixo do valor do mercado. A comissão extraordinária e a sociedade chegarão nesse consenso”, definiu.

Donizeti acrescentou também que o Executivo ainda pensa no formato do novo projeto que será apresentado até o fim do ano e que regulará o IPTU de 2019.

O articulador informou que em breve o governo apresentará outra iniciativa para tratar exclusivamente da correção dos valores do ITBI (Imposto sobre Transmissão Intervivos de Bens Imóveis). 




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