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Corre, Gabriela, corre!

Para-atleta que treina em Santo André busca bi nos
Jogos Parapan-Americanos para Jovens na Capital

Felipe Simões
Do Diário do Grande ABC
19/03/2017 | 07:00
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Daniel Zappe/CPB/MPIX


“Espero ser espelho para muitas pessoas dentro da pista e fora dela como cidadã e mulher. Quero ser campeã mundial e paraolímpica”, diz Gabriela Mendonça, uma das principais promessas do para-atletismo brasileiro. Os 18 anos da adolescente natural de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, que veio treinar no Sesi de Santo André há duas temporadas, enganam. Apesar de jovem, ela já é experiente e tem títulos nacionais e internacionais. A partir de amanhã, vai em busca do bi nos Jogos Parapan-Americanos para Jovens, que serão disputados no Centro Paraolímpico Brasileiro, na Capital, e contam com cerca de 800 atletas, entre 13 e 21 anos, de 20 países, distribuídos em 12 modalidades. Destes, 172 representam o País, e sete deles são de Santo André, São Bernardo e Mauá.

Gabriela nasceu com coriorretinite bilateral porque sua mãe foi mordida na barriga por um gato quando estava grávida e contraiu toxoplasmose. Por isso, ela só tem 13% de visão. “No momento está estável, mas pode piorar”, relata. Antes, corria na categoria T13, mas agora passou por novos exames que a colocaram na classe T12, na qual competirá no Parapan.

Seu início no esporte foi por acaso. Há quatro anos e meio, ainda em Campo Grande, achou que a prática de atividades físicas poderia ajudá-la a ser menos retraída. Não só cumpriu seu objetivo, como a transformou em para-atleta que ficou grande demais para sua cidade natal.

“Vim para cá (Santo André) por estrutura. A prefeitura (de Campo Grande) não apoiava. Eu tive de tomar uma atitude de sair de lá para um novo ambiente”, conta.

Foi aí que o técnico Daniel Biscola entrou em sua vida. “Estava procurando um clube no final de 2014, mas não tinha para onde ir. Conversei com o Daniel, ele abriu as portas do Sesi para mim”, lembra Gabriela.

Biscola tem 36 anos e trabalha há 14 com esporte de alto rendimento olímpico e paraolímpico. Já foi tutor de medalhistas dos Jogos do Rio, como Verônica Hypólito, e foi escolhido para ser auxiliar durante o Parapan. Na competição, além de Gabriela, tem como para-atletas Crystoffer Firmino (classe T38) e Samuel Eckert (classe T13), do Sesi de Goiás.

“O que me deixa muito feliz é ver a evolução de cada um. Não só a medalha, mas todo o crescimento. Pudemos ajudar a chegar a uma faculdade, tornar mais independente”, conta o treinador andreense.

Dentro e fora das pistas, Gabriela vem evoluindo – já competiu até entre adultos. E ela não quer parar por aí. “Treinei bastante e estou muito confiante. Pretendo melhorar minhas marcas”, diz ela, que correrá os 100 m e os 400 m no Parapan e tentará o bicampeonato.

Só o tempo dirá se ela subirá ao topo do pódio, mas é certo que Gabriela já sentiu o gosto da vitória na vida e quer continuar sentindo esse sabor. 




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