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Hospital Mário Covas realiza reimplante de mão decepada
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
30/05/2007 | 07:04
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O primeiro reimplante total de mão realizado no Grande ABC soma cinco dias de sucesso. Na última sexta-feira, Renato de Queiroz Cyrino, 25 anos, foi submetido a uma microcirurgia de alta complexidade comandada por uma equipe de oito cirurgiões do Hospital Mário Covas, em Santo André. Operador de uma gráfica de Diadema, Renato teve parte da mão esquerda decepada por uma guilhotina.

Depois de atendido em dois pronto-socorros da região, em Diadema e São Bernardo, o operador foi encaminhado ao centro cirúrgico do hospital estadual, cinco horas após o acidente. O procedimento durou 11 horas e teve 100% de aproveitamento. A amputação traumática atingiu todos os dedos.

“Estava arrumando o papel para ser cortado quando a lâmina desceu, sem explicação. Nem tinha acionado a máquina, que tem dois botões de segurança”, conta.

A técnica utilizada não é nova, mas trabalhosa. Durante a cirurgia, os médicos reconstruíram os ossos da mão, por meio de fios intramedulares de aço (pinos), fizeram a sutura dos tendões, restauraram os nervos digitais, recuperaram as artérias e veias (de até um milímetro) e, por último, fecharam o cutâneo palmar e dorsal. Terça-feira, o paciente já conseguia mexer os dedos, envoltos em curativo.

“Na hora não senti dor, só consegui pensar que tinha de arrumar um ‘cara ninja’ para consertar a minha mão. Já tinha visto uma reportagem sobre reimplante e pedi para meu irmão achar a melhor pessoa do mundo. Mesmo no desespero, fiquei com esperança. Agora, já me sinto mais tranqüilo.”

O chefe da equipe médica, Walter Yoshinori Fukushima, explica que o êxito do procedimento é resultado também da boa condição de saúde do paciente. “Ele é jovem, não tem vícios, como cigarro ou bebida, e pratica esportes. Esse conjunto favorece o tratamento”, afirma.

A alta deve ser dada daqui a 15 dias, quando o operador começa a fazer terapia ocupacional, com técnicas de massagem e drenagem linfática. O resultado definitivo da cirurgia será conhecido em seis meses. “Somente depois desse período podemos avaliar a funcionalidade da mão do paciente e saber se serão necessários outros procedimentos”, garante o ortopedista Marcio Aita.

Todos os custos foram pagos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Se o procedimento fosse realizado em hospital particular, os gastos – somente com médicos – ficariam em torno de R$ 50 mil. “Depois de tudo isso não sei se volto a trabalhar em gráfica. Estou lá há nove anos, mas agora penso em estudar e ter outra profissão. É muito risco”, completa Renato.




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