Em meio à mais grave crise financeira mundial desde 1929, a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) anuncia a primeira queda nos juros ao consumidor após sete meses de altas consecutivas. O valor cobrado sobre o crédito à pessoa física ficou em 7,49% ao mês em dezembro do ano passado.

Apesar da crise de crédito, Andrew Frank Storfer, diretor da Anefac, não viu o resultado com surpresa. "Não está fora do contexto. Na verdade, o que não se esperava era a manutenção desses juros tão altos por tanto tempo", afirma. "Ainda há muito espaço para queda".

Foco de toda a crítica, segundo Storfer, a taxa Selic e a política conservadora do Banco Central não são os principais vilões dos altos juros praticados à pessoa física. "O presidente do Banco Central já disse com todas as letras: o problema é o spread bancário", afirma.

Composto pela soma dos custos administrativos, tributos, risco sobre o crédito e o lucro, o spread bancário se soma à taxa de juros básicos da economia, totalizando o valor aplicado sobre o consumidor. "Em setembro de 2005, a Selic estava em 19,75% e a taxa de juros à pessoa física era a mesma de setembro do ano passado, quando a Selic estava em 13,75%", comenta.

Para ele, além das medidas de liberação de crédito do governo e da redução da demanda por empréstimos, é responsável pela queda dos juros a pressão realizada sobre os bancos. "Governo, entidades e associações vêm protestando há tempos. Parece que cederam um pouco", comemora.