Uma comissão ligada ao CMDCA (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente) de São Bernardo irá acompanhar a rotina dos jovens infratores que cumprem medida de internação nas unidades da Fundação Casa (ex-Febem) da cidade.

O objetivo é fiscalizar o trabalho realizado pela equipe técnica da fundação. Os funcionários são alvo constante de críticas por parte dos internos e de seus familiares.

Há 15 dias, os adolescentes realizaram motins em protesto contra a superlotação e o tratamento recebido nas unidades. Em um dos tumultos, três funcionários ficaram feridos.

A comissão é composta por representantes do conselho, Prefeitura, Defensoria Pública, Ministério Público e entidades.

"O grupo foi formado em resposta a esses motins, para garantir que os direitos dos internos sejam realmente cumpridos", explica o coordenador do Cedeca (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente) da Fundação Criança, André Alcântara, um dos integrantes do grupo.

A comissão se reúne pela primeira vez na quarta-feira e fará visitas mensais às unidades a partir de agosto.
Alcântara aposta no diálogo para evitar que outros motins, e até rebeliões, aconteçam. "O clima de insatisfação é muito grande. Se nada for feito, funcionários e internos correm riscos", alerta.

Os menores se dizem vítimas de maus-tratos. Eles alegam que práticas corriqueiras - como conversar enquanto andam em fila - são punidas com tapas no rosto. Eles reivindicam o fim da obrigação de raspar o cabelo durante o período em que permanecem nas unidades, e pedem para vestir roupas comuns em vez do uniforme.

São Bernardo tem dois prédios de internação, cada um com capacidade para 56 menores infratores. Nos dias 4 e 5, quando ocorreram os motins, cerca de 65 jovens estavam abrigados em cada unidade. A Fundação Casa abriu sindicância para apurar a conduta dos agentes.