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La garantía soy yo

Lembro que era assim que falavam os sacoleiros...

Por Carlos Ferrari
31/10/2012 | 00:00
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Lembro que era assim que falavam os sacoleiros, que lá pelo fim dos anos de 1990 realizavam os mais diversos sonhos consumistas, com suas super bagagens abarrotadas ‘made in Paraguai'. De rádio-relógio a computador, de máquinas fotográficas a equipamentos de som. Tudo lindo, novo e desejado. O problema mesmo era a garantia, e sorrindo, o povo dizia "la garantía soy yo", ou seja, "deixa comigo"!

Há poucas horas, me preparando para escrever este texto, não pude deixar de rir diante do que veio à cabeça quando li o tema que havia marcado em meu bloco de notas como sendo o desta semana. Estava escrito assim: "uma reflexão sobre as garantias que temos, enquanto eleitores, ao fim do segundo turno".

Já imaginou o seu candidato eleito, com uma plaquinha na testa, aparecendo na urna após você ter teclado confirma, com os dizeres "la garantía soy yo?". O duro é que não daria nem para reclamar ou tentar devolver, trocar. Votou, está votado, não é? Creio que não deva, necessariamente, ser assim. 
Democracia não tem prazo de validade, não acaba com o fim das eleições. Podemos continuar exercendo nossos direitos não só de eleitores, mas, sim, direitos de cidadão. Podemos participar de conselhos de políticas e de direitos e podemos buscar o Ministério Público. Exatamente, você pode, sim, acompanhar e cobrar aqueles eleitos com ou sem o seu voto. 

No último dia 27, ouvi o podcast Café Brasil, do jornalista Luciano Pires, que coincidentemente também tratava sobre esse assunto. Ele trouxe para leitura um artigo do também jornalista Alexandre Pileje, que dizia o quanto seria bom se tivéssemos o código de defesa do eleitor. Um código que nos permitisse ter o voto de volta, tirando assim do poder aqueles que não foram honestos com os compromissos assumidos. 

Brincadeiras e devaneios à parte, o fato concreto é que as garantias não são eles; a garantia é a nossa consciência cidadã. Temos responsabilidade com o futuro de nossas cidades, de nossos filhos e netos. A partir de agora é ficar de olho em quem ganhou no voto.

Acompanhem o trabalho das equipes de transição, a formação do secretariado. Depois, veja como anda o mandato, guarde as propostas e promessas que levaram os vencedores até lá, e periodicamente faça o check list, para ver se, de verdade, as coisas estão acontecendo.

É isso mesmo, democracia dá um trabalho enorme. Churchill dizia que "trata-se do pior regime, salvo as outras formas de governos existentes até então". Acho que esse pior não pretendia depreciar, mas mostrar os desafios enfrentados pelo povo no poder.

Gosto muito de um pensamento de Goethe, que deixo para fechar nossa conversa da semana: "A democracia não corre, mas chega segura ao objetivo".  




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