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As boas notícias vistas no espelho

Boa notícia: a Europa voltou a importar carne do Brasil

Carlos Brickmann
01/06/2008 | 00:00
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Boa notícia: a Europa voltou a importar carne do Brasil.

Espelho: a carne, que já dobrou de preço nos açougues, vai subir ainda mais.

Boa notícia: Pela primeira vez na história, o setor público brasileiro arrecadou mais do que gastou. Sobraram no Tesouro R$ 6,88 bilhões, ou 0,76% do PIB.

Espelho: Como o governo não reduziu suas despesas (e, ao contrário, aumentou-as), isso significa que você está pagando mais impostos.

Boa notícia: o caso de Paulinho da Força, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, do PDT, foi enviado à Comissão de Ética da Câmara, para julgamento.

Espelho: o prazo para este julgamento é de 90 dias, prorrogáveis por mais 90. Pegue o calendário: os primeiros 90 dias terminam em agosto, quando o Congresso ficará vazio: os deputados estarão em seus Estados, cuidando das eleições municipais. Os 90 dias seguintes terminarão em novembro, quando ninguém no Congresso estará pensando em nada, exceto no resultado das urnas. E o novo presidente da Comissão de Ética pediu 15 dias de prazo para tocar o processo. Ou seja, vai tudo para dezembro. E quem vai querer punir um colega de Câmara, quando já passou tanto tempo que os fatos estarão esquecidos e o espírito das festas de fim de ano já tomou conta da Casa?

Boa notícia: segundo o presidente Lula, sua esposa Mariza Letícia é uma mulher feliz, porque se casou com o maior garanhão de Garanhuns.

Espelho: o que se sabe é que Lula nem é de Garanhuns. Nasceu em Caetés.

COMO É O NOME DELE?
Por falar no ex-governador Geraldo Alckmin, uma dúvida: se chegar mesmo a ser candidato, como será chamado por sua propaganda? Quando quis ser presidente, começou como Alckmin, depois mudou o nome de campanha para Geraldo. No segundo turno, por seu desempenho, não passou de Geraldinho. E agora, qual dos três será?

PT NA TV
O programa nacional de TV do PT, que vai ao ar na quinta-feira, tenta colar bandeiras do partido, como a redistribuição de renda no País, ao que considera os pontos altos do governo Luiz Inácio Lula da Silva, com destaque para o momento econômico. O programa foi feito pela agência Vanguarda, do marqueteiro paraense Chico Cavalcante.

O ROTO...
Inocêncio Oliveira, corregedor da Câmara, acha que a situação do deputado Paulinho da Força é gravíssima, diz que não tem nenhuma dúvida de que seja culpado, garante que o caso é de cassação de mandato.

...O ESFARRAPADO...
A situação de Paulinho pode ser gravíssima, ele pode perfeitamente ser culpado, e o caso pode muito bem ser de cassação do mandato. Mas lembremos quem é o autor da frase: Inocêncio Oliveira, deputado federal por Pernambuco desde 1974, é aquele dos poços - o DNOCS (Departamento Nacional de Obras contra as Secas), furou-lhe dois poços artesianos, um na sua fazenda, outro na sua revenda de motos. E cobrou baratinho, preço subsidiado, coisa mesmo de grande amigo. É também aquele que foi condenado pelo Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão, em 7 de fevereiro de 2006, por manter 53 trabalhadores em regime de escravidão. Se Inocêncio acha que o caso de Paulinho é gravíssimo, sua opinião deve ser levada em conta: de casos gravíssimos ele entende como ninguém.

...E O RASGADO
O presidente do Conselho de Ética da Câmara, que comandará o julgamento de Paulinho, é o petebista gaúcho Sérgio Moraes. Ele responde a três processos no Supremo Tribunal Federal. Mas sejamos justos: ainda não foi julgado. Até lá, tem a presunção da inocência. Ou do Inocêncio - gente, que confusão!

TUCANOS...
Atenção para o caso Alstom: a empresa, com 66 mil empregados e faturamento anual de quase 15 bilhões de euros, é investigada na França e na Suíça por pagamento de propinas na Ásia e na América Latina. No Brasil, a suspeita é de que tenha pago quase US$ 7 milhões para fazer negócios com o Metrô e três outras estatais paulistas. As datas coincidem com os governos tucanos de Mário Covas e Geraldo Alckmin. No governo Covas, foram 40 contratos; no de Alckmin, 77.

...NA BERLINDA
O caso não poderia vir em hora pior para Alckmin: exatamente quando ele tenta, com o PSDB rachado, impor sua candidatura a prefeito de São Paulo. Alckmin se diz tranquilo e pede uma ampla investigação. Será atendido: já há um pacto de cooperação entre o Ministério Público, a Suíça e a França.




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